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sábado, 17 de dezembro de 2011

TERESINA - LOUVAÇÃO

A cidade alcançou progresso em todos os setores. Antes de tudo tranqüila e afetiva. Vale um beijo quente de fraternidade. Manhãs e tardes coloridas. Corações alegres. Gente que gosta da humanidade, recitando o poema da convivência irmã. As suas noites são de amor. Nos bancos das pracinhas de encanto, pares agarradinhos, arrulhando afeto, cheirando-se, mordendo, polícia distante, gente que passa fazendo que não vê. Juca Chaves disse no Rio de Janeiro: "Se peito fosse buzina, ninguém dormia em Teresina".

As mulheres teresinenses são as mais carinhosas destes brasis. E criaram a linguagem dos olhos para a revelação do sublime sentimento do amor. Elas têm olhos de querer e de não-querer.

Vem brasileiro, irmão de outras paisagens, TERESINAR, um verbo doce, expressivo, que se reza com carinho. O centro é uma festa permanente. Da praça Rio Branco, coração comercial da cidade, parte-se para o Parque da Bandeira, bem cuidado, convite ao descanso. além o rio Parnaíba, o velho monge de barbas brancas alongando... Junto às margens, lavadeiras batendo roupa, alguma de seios à mostra. Num dos lados do Parque, o antigo Palácio da Justiça. Antes, sede do Poder Executivo e residência dos presidentes da província e governadores até que foi adquirido o Palácio de Karnak.

Partinho do Parnaíba, o Mercado Velho ou Central, construído há mais de cem anos. Aí de tudo se vende: carnes, peixes, verduras, frutas, sandálias, calças, lamparinas, panelas, louça, mezinhas, beberagens eróticas como a famosa catuaba, pós mágicos. Camelôs propagam cura-tudo, literatura de cordel, alguns cegos recitam lamurientos versos de arrecadar esmolas. E dezenas de restaurantes ao ar livre, com comida feita sob as vistas do freguês, servem os mais variados pratos, sempre apimentados: fritos, sarapatel, buchada, panelada, mão-de-vaca, vísceras. Um arremedo dos mercadões de Fortaleza e Salvador. Um colorido especial à vida da cidade. No mercadão a gente encontra o sujeito que vende maconha, o bicheiro anunciando o milhar do jacaré e as mulatas mais desconfiadas do mundo, cheirando a brilhantina flor do amor. E muito chá-de-burro, o talentoso mucunzá.

A Casa Anísio Brito merece visitação. Museu e Arquivo do estado, guarda muita preciosidade que precisa de ser vista e consultada.


A. Tito Filho, 29/01/1990, Jornal O Dia

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