tag:blogger.com,1999:blog-64087310853792342012024-03-13T06:47:08.147-07:00Acervo A. Tito Filho (8)Jornal O Dia, 1990Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.comBlogger160125tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-75598320780182133902012-02-16T09:01:00.000-08:002012-02-16T09:01:30.122-08:00CARTA SEM POLÊMICA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Minha talentosa coleguinha de jornal "Diário do Povo". Cordiais saudações. Na edição de domingo, 16 deste dezembro natalino, li a entrevista que você fez com o ex-governador José da Rocha Furtado, e gostei das suas perguntas e das respostas do entrevistado, num trabalho bem feito, como se estivessem em inteligente pingue-pongue de Marília Gabriela. Antes, porém, do texto conduzido claramente, fez a prezada amiga uma espécie de introdução, aquilo que os velhos jornalistas como eu, o Araújo Mesquita, padrão de dignidade profissional, Deoclécio Dantas, lutador de muita altivez, chamavam de NARIZ-DE-CERA. E na dita e supradita explicação introdutória, a simpática confreira atesta: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nos últimos quatro anos, o nome mais lembrado por deputados e políticos foi o do ex-governador rocha Furtado</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nunca, caríssima repórter. Nos últimos quatro anos, 1987 a 1990, não me recordo dessa preocupação da fauna dos homens públicos do Piauí. Pelo contrário, o nome mais usado nos jornais, nos rádios e tevês tem sido o de Alberto Silva.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Adiante você observa e atesta: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Fora dos meios políticos, deputados como Eurípedes de Aguiar, Santos Rocha, Demerval Lobão e João Mendes promoviam sessões de tortura psicológica, na tentativa de intimidar Furtado</i>...". Não, colega de rara acuidade. Fui testemunha ocular da história. Eurípedes Aguiar, Demerval Lobão e João Mendes não eram, nessa época, deputado, federais ou estaduais, e os três pertenciam ao mesmo partido do governante, a UDN, e defendiam rocha Furtado por todos os meios de que dispunham. Exercia o mandato de deputado o Dr. Santos Rocha, orador animado e causídico hábil e corajoso, e não me consta que ele promovesse sessões psicológicas para que se torturasse psicologicamente o governador, de forma que se praticasse a lavagem cerebral dos criminosos porões das polícias ditatoriais.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A campanha de que Rocha Furtado DAVA AZAR foi criada no jornalismo oposicionista. No tempo de Hermes da Fonseca, confrades de jornal e compositores carnavalescos atribuíam ao presidente da República a URUCUBACA, o mesmo que azar, fluido negativo que se ligava, em Teresina, também ao desembargador Cromwell de Carvalho, conterrâneo de rara dignidade moral. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A crença de que certas pessoas distribuem AZAR desde que passem por nós ou quando têm os nomes pronunciados, pertence ao povo em virtude de circunstâncias adversas ligadas por coincidências aos cidadãos que a maledicência humana pretende destruir ou levar ao ridículo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Perto do fim da parte introdutória, a zangada coleguinha escreve: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quem desfez as lendas que existem em torno daquele que seria o mais impopular dos governadores do Piauí são artigos de jornais cariocas e discursos na época pelos opositores</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">As lendas se criam pela sabedoria popular. E sempre elas provocaram as mais extraordinárias obras da literatura universal.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Rocha Furtado foi ídolo dos teresinenses e ao seu lado, na defesa do seu governo estiveram famosos jornalistas brasileiros como J. E. de Macêdo Soares e Danton Jobim e parlamentares do tope dos senadores Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves e José Américo de Almeida. A imprensa de todo o Brasil defendia o governante do Piauí tornando-o popularíssimo e cada vez mais apoiado pelos piauienses. Só a paixão política dizia o contrário, não creio que a coleguinha se sustente de atitudes passionais no seu jornalismo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Noutro ponto do NARIZ-DE-CERA a prezada jornalista afirma que Rocha Furtado: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">TROCOU ATÉ DE CIDADANIA - HOJE É MUITO MAIS CEARENSE DO QUE PIAUIENSE</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Rocha Furtado confessa que deixou o Piauí por causa das dívidas contraídas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Buscou Fortaleza para recuperar as finanças domésticas. Resta saber se os cearenses que residem em Teresina trocaram de cidadania, pois a cidadania tem a proteção da soberania nacional, desconhecendo fronteiras entre as velhas províncias, ou Estados da Federação.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No fim a garota escreve: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Furtado não admite a comparação do seu com o atual governo</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Rocha Furtado procurou-me para me informar que nunca fez a afirmativa referida à jornalista entrevistadora.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Minha intenção nesta carta está no restabelecimento da verdade, uma vez que não me compete a defesa da política que os homens públicos realizam ou realizaram no Piauí. Interessa a todos a realidade dos fatos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 20/12/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-56224716599984912002012-02-16T08:17:00.000-08:002012-02-16T08:17:32.607-08:00TECNOCRACIA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Conquistei o titulo de bacharel em direito, com distinção em quase todas as disciplinas do curso, e desde rapaz gostava muito de estudar a língua portuguesa. Iniciei o exercício de cargos públicos na qualidade de delegado de trânsito e costumes de Teresina, do qual solicitei exoneração para retornar ao Rio e prosseguir estudos. Fiz concurso e me aproveitaram no antigo instituto dos comerciários na capital piauiense e voltei a minha cidade do meu xodó para assumir as funções e concluir o curso jurídico, o que foi feito.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em 1951, o governador Pedro Freitas me fez convite para lecionar e me nomeou professor de português do Colégio Estadual e de sociologia educacional na antiga Escola Normal. Dei conta do recado, como podem atestar os meus antigos alunos e alunas. Fiz concurso sério e difícil.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em 1954, o governador Pedro Freitas convocou-me a Karnak e me convidou para dirigir o Colégio Estadual. Antes, em 1952, os colegas de jornalismo elegeram-me presidente da recém-criada associação dos Jornalistas, reeleito por dois mandatos mais. A entidade passou a sindicato.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nas funções de diretor do Colégio Estadual me conservou o governante seguinte, general Gayoso e Almendra, até o final do mandato. Tive substituto no governo Chagas Rodrigues. O educandário tornou-se modelar. Respeitado. Exemplo de ordem e disciplina.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ano de 1962, o suplente de senador Clark substituiu Leônidas Melo, que se licenciara, no Senado, e me indicou para a presidência da Comissão de Abastecimento e Preços do Piauí ao governo federal. Enfrentei o comércio ilegal do trigo, da carne, as cobranças altas de entrada de cinema, a exploração no comércio do pescado, os vendedores de leite. Venci. Contratei Luiz Noronha para trazer trigo da Bahia e fretei aviões e trouxe carne do Maranhão, na fronteira com o sul do Piauí. Importei peixe do amazonas. E assim passei adiante. A verdade está em que tudo passou a ser vendido ao público por preços justos de acordo com a fixação honesta dos valores.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Exerci a elevada função de secretário da Educação e Cultura, no governo Clímaco de Almeida. Realizei administração de alto nível, conforme se vê do depoimento de Itamar Brito, em história publicada sobre esse órgão público. Em 1975, no primeiro governo Alberto Silva, recebi a incumbência de dirigir a Secretaria da Cultura, por dois meses, em que editei uns vinte livros, promovi a festa de reinauguração do teatro 4 de Setembro, maravilha de festa, sem quase despesa para os cofres públicos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Desde 1971, sou presidente da Academia Piauiense de Letras, reeleito seguidamente para vinte anos de mandatos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nunca pedi cargos a governador algum de minha terra. Convidaram-me para os cargos provocando-me surpresas. Nunca fui técnico de cousa alguma, exceto da leitura, da honestidade, do desejo de fazer as cousas com o rigoroso cumprimento da lei. E não preciso de empregos, pois vivo modestamente, mas sem dividas e sem picaretagens.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A tecnocracia instituída pelo presidente Fernando Collor para administrar a República corresponde a fracasso generalizado. O próprio governo aumenta os combustíveis, aumenta as taxas dos correios, aumenta preços do pão e do leite, aumenta as taxas dos correios, não permite que os operários ganhem o necessário para as necessidades primárias da vida. A inflação vem subindo sempre inquietando as camadas populares. Há no Brasil um governo de tecnocratas, cujas palavras ao público, nas televisões, ninguém entende. Além disso, falam um péssimo português, o economês.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O futuro governo de Freitas Neto deve ter técnicos, sem esquecer que estes nem sempre se guiam acertadamente.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 18/12/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-23480888099547024792012-02-16T07:40:00.000-08:002012-02-16T07:40:08.288-08:00PROMESSAS<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Num país faminto, em que o povo não pode ter civismo porque vive de pança vazia, num país abúlico, de milhões de analfabetos, o presidente da República faz o que lhe dá na veneta, e pode, querendo, chegar ao desmando e à prepotência.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No Brasil, o chefe do Executivo legislava quando, num ato de força, se fundava o sistema ditatorial, do jeito que praticou Getúlio Vargas, de 1930 a 1934 e de 1937 a 1945, ou da forma que estabeleceram os militares, de 1964 a 1985, épocas de severas e cruéis ditaduras. Sob o regime do presidente Fernando Collor vigora a MEDIDA PROVISÓRIA, criada pela Constituição Federal de 1988, em caso de relevância e urgência, circunstância que não se vem observando, e o presidente legisla em matéria sem as exigências constitucionais e que bem poderia ser objetivo de projetos de lei, normalmente.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nunca vi o Brasil na situação dos dias que correm. Nada funciona. Deterioramento da educação e da saúde. Cultura abandonada. Megalópoles de problemas angustiantes. Insegurança social generalizada. Industria do crime por toda parte. Renda das pessoas em desnível insuportável pelos assalariados. Desemprego e subemprego. Incompetência. Instituição do ócio no funcionalismo público. Descrença nos homens públicos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A euforia industrializante de Juscelino Kubistchek deu no que deu: a busca da cidade pelas populações do campo, para a fantasia do ganho fácil e de conforto, mas cujo resultado aumentou a favelização dos enormes centros urbanos e os apartamentos da população debaixo das pontes.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Na campanha presidencial de 1989, Fernando Collor de Mello fez promessas que o tornaram símbolo da esperança dos brasileiros. Liquidar-se-iam os MARAJÁS, indivíduos afortunados e privilegiados de ganhos absurdos. Dar-se-ia a moralização da vida pública. Derrotar-se-ia. A 15 de março de 1990 assumiu o fazedor de promessas. Chegou o Natal. Os marajás continuam a desafiar o governo, a burocracia brasileira prossegue o seu cortejo de malefícios, o processo, inflacionário martiriza no dia-a-dia da subida dos preços.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A única medida que se teve, até agora, foi a de confiscar o dinheiro dos brasileiros confiados aos estabelecimentos de crédito para que rendessem juros. O governo arrecadou-os prodigalizando mais aflições às classes necessitadas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A ministra Zélia, rica de gestos autoritários, no começo do governo Collor apostava na inflação zero. Agora, pelos aparelhos de televisão, culpou os empresários e pede paciência. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Collor ataca os exploradores do povo, esquecido de que o seu governo aumentou de vez em quando os combustíveis, as taxas dos correios, o preço do pão e do leite, das passagens de ônibus e dos aviões. Como evitar que os industriais e comerciantes não aumentem os preços dos seus produtos, e o próprio governo oferece o exemplo de aumentos constantes?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A verdade verdadeira está na evidência de que os tecnocratas cada vez mais se desacreditam com os planos salvadores: Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão e mais que seja, um só deles acertou cousa alguma.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">E milhões de brasileiros passam fome e vivem dias de medo e desesperança.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 25/12/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-67675480572986486802012-02-15T16:34:00.000-08:002012-02-15T16:34:15.034-08:00METAFÍSICA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O ministro da ditadura de Getúlio Vargas, apelidado no tempo de Chico Ciência, era Francisco Campos, o autor da carta constitucional de 1937, outorgada ao povo num frio golpe militar do mesmo ano. Coube a Francisco Campos efetivar uma das melhores reformas educacionais, com a criação dos vocacionais pré-jurídico, pré-médico e pré-técnico. Como aluno do primeiro, estudei filosofia e recolhi noções de metafísica, ciência suprema, que estuda a natureza ou a substância do real, e constitui o fundamento da ética aristotélica. Forma superior de vida contemplativa, que proporciona felicidade ao homem.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Conheci sobre o assunto o pensamento de Descartes, Spinosa e Leibniz. Estudou-a Wolf. O criticismo de Kant assinalaria a crise mais grave da metafísica, e contra esta reage Lomte para quem o estado metafísico não tem originalidade e a ele o francês se refere de modo pejorativo. O materialismo nega a metafísica.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">"<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Em grande parte, como já se observou, os movimentos filosóficos que preconizam o retorno à metafísica, tendem a ignorar o Kantismo, o positivismo e o materialismo histórico. Entre as principais representantes da metafísica contemporânea, devem-se mencionar Blondel, Max Scheler, Nicolai Hartman e Alfred N. Whiehead, Henri Bergson e Martin Heidegger... Para Bergson, que retoma em seus livros fundamentais os temas da metafísica tradicional (Deus, a imortalidade da alma e a liberdade), a matéria é inércia, geometria e necessidade, a vida é contingência e espontaneidade, e o espírito, liberdade e criação.</i>.." Para Heidegger filosofia quer dizer metafísica.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Sei muito pouco sobre esses temas que envolvem profundos e graves conhecimentos filosóficos. Mas me entusiasmo no momento em que tomo ciência de que no Piauí se efetivará, dentro de pouco tempo, a I Conferência Metafísica Piauí/Brasil/Estados Unidos, para desenvolvimento de temas metafísicos dos mais interessantes e oportunos, na palavra de ilustrados conferencistas. Acontecimento de estudos idênticos promoveu em São Paulo a Fraternidade Pax Universal, em junho deste 1990, contribuindo-se para uma vida mais saudável e harmoniosa da imensa coletividade paulistana.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A festa espiritual e cientifica do Piauí tem como idealizadora e promotora a educada e culta Dra. Dulce Duarte Pinheiro Correia, com o apoio de diversas instituições educacionais e literárias e pretende estudar assuntos do mais relevante valor social: os conflitos provocados pelo crescimento urbano e o equilíbrio do homem no seu processo de vida, com o objetivo de proporcionar reflexões e introduzir grupos interessados na prática do autoconhecimento a partir da visão metafísica. Existem oportunidades de novas relações voltadas à verdade existencial, conforme admitem os organizadores da programação, para o período de 9 a 11 de novembro porvindouro.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O projeto da conferencia já se encontra elaborado por pessoas da melhor categoria intelectual, como Dulce Duarte Pinheiro Correia, Antônio de Deus e Maria do Socorro Caldas Borges, que sustentam esta verdade: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os momentos difíceis que vivemos provocam tensões, angustias e medos. Esse estado de insegurança se reflete em nosso organismo gerando doenças físicas e toda espécie de sofrimento. A falta de informação faz com que esses sofrimentos se multipliquem numa cadeia infinita. Mas para todo mal há uma solução e o melhor caminho é aquele que conduz à serenidade, ao autodomínio e a perfeita felicidade</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 29/09/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-57381617240182204572012-02-14T10:27:00.002-08:002012-02-14T10:27:52.891-08:00O BOM CONTISTA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Afonso Ligório nasceu no território piauiense de Luzilândia. Jornalista. Fez algumas andanças e fixou-se em Brasília, dedicado ao magistério e a literatura e em ambos os misteres tem alcançado triunfos verdadeiros. Consistia dos melhores, de raro poder de observação. Publicou SÓ ESTA VEZ, já traduzido para o espanhol e agora enrica a literatura nacional com A HORA MARCADA, sobre que escreveu mestre M. Paulo Nunes: </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt;">"</span><span style="font-family: "Arial Unicode MS", "sans-serif"; font-size: 12pt;">A propósito do anterior livro de contos de Afonso Ligório Pires de Carvalho - Só Esta Vez... Histórias contadas (Editora Thesaurus - Brasília-DF) já havíamos tentado uma definição do tipo de gênero por ele adotado quando o identificamos com o "conto masnfieldiano" por oposição ao "conto história" com começo, meio e fim, cuja tradição radica em Boccacio e teve modernamente como representante maior Maupassant, entre nós, o gênio de Machado de Assis.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial Unicode MS", "sans-serif"; font-size: 12pt;">Com este seu novo livro - A Hora Marcada, retoma ALPC o mesmo fio da narrativa no apuro de uma técnica de expressão em que o deslance é engendrado de forma a levar o leitor a sentir uma espécie de "soco no estômago", conforme a expressão do romancista português Fernando Namora, em seu último livro, publicado antes da morte" - jornal sem data.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial Unicode MS", "sans-serif"; font-size: 12pt;">São do mesmo autor as considerações a seguir transcritas, na caracterização desse gênero de narrativa: "Ainda recentemente, o Nobel Isaac B. Singer chamou ao conto uma "fatia de vida", decerto em oposição ao romance, que seria, pelo que se deduz, a "vida toda". Mas essas "fatia" terá de ser pois, altamente significativa. Na sua concisão no seu angulo de focagem restrito, o conto precisa de ser tão eloqüente que o leitor, através de uma breve personagem captada num instante decisivo e num contexto delimitado, consiga reconhecer ali a verdade da paisagem humana e a vida tal como ela é, na sua infinita complexidade. Daí que se possa entender muito bem que haja quem prefira Maupassant a Victor Hugo ou Balzac e Tchekhov ou Gogol a Tolstoi ou Dostoievski. Uma gota de água pode ser mais reveladora que uma enxurrada". (Cf. Fernando Namoro, in Jornal sem data, pág. 146 - Publicações Europa-América-Portugal).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial Unicode MS", "sans-serif"; font-size: 12pt;">Esta é pois a receita adotada por Afonso Ligório Pires de Carvalho nestes seus novos contos - captar o instante essencial ou a "fatia de vida" que possa caracterizar uma emoção, um estado de espírito definidores da condição humana.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial Unicode MS", "sans-serif"; font-size: 12pt;">E a realiza com uma técnica apurada de tal sorte que os contos reunidos nesta coletânea reinventam cada um deles a vida em seus momentos mais significativos. Contos como Depressão, por exemplo, podem ser emparelhados com as melhores narrativas do gênero entre nós.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial Unicode MS", "sans-serif"; font-size: 12pt;">Não poderia deixar de salientar aqui, como o fiz em outros termos, da vez anterior, que Afonso [é] um dos mais representativos valores da geração piauiense que revelaria figuras da altitude intelectual do poeta Hindemburgo Dobal e dos romancistas O. G. Rego de Carvalho e José de Ribamar Oliveira.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial Unicode MS", "sans-serif"; font-size: 12pt;">Por isso recorro ainda às anotações de Fernando Namora, no livro citado, ao fazer o elogio de seu contemporâneo Eduardo Lourenço: Tentando, e numa paróquia de tribalismo, permitiam-me uma anotação tribalista: sabe que Afonso Ligório Pires de Carvalho seja dos da minha geração e que, enfim, ter bebidos as primeiras águas na matriz que também a minha. Não é por acaso que muito do modo de ser de Afonso é o que é. A generosidade e um sentido de justiça que inventam</span><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt;">".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 23/11/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-11839324103275863432012-02-14T09:32:00.000-08:002012-02-14T09:32:08.307-08:00O DINHEIRO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Era um paraibano baixote, míope desde moço, encheu de compostura a vida nacional. Formou-se em Recife, em 1908, com os piauienses Simplício Mendes e Arimathéa Tito. Parece que chegou a residir com os dois na mesma "república" de estudante; pelo menos é certo que foi companheiro de quarto de Arimathéia. Formado, José Américo achou fascinante a vida política, e nela ingressou. Ei-lo, em 1930, como um dos chefes civis do movimento revolucionário que derribou Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e entregou o governo da República a Getúlio Vargas, de quem foi ministro da Viação, um grande ministro, voltado para os graves problemas do Nordeste. Enfrentou a terrível seca de 1932. Impôs-se à admiração do país, pelo trabalho, pela sinceridade, pela inatacável honestidade.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O esforço gigantesco como ministro, a linguagem franca de que se utilizava para o debate dos problemas políticos e administrativos, os brados de revolta contra o atraso da terra e a penúria do homem, a bravura com que desafiava os maus, a consagração do romancista de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Bagaceira</b> - tudo isto lhe valeu imensa popularidade, na Paraíba como no Brasil.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A Bagaceira</span></b><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> deu a José Américo uma posição invejável no cenário da literatura brasileira. Consentiu o autor em que o livro "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">é a tragédia da própria realidade</i>". Livro violento, que agasalhou "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">almas semibárbaras pela violência dos instintos</i>". O escritor interpreta essas almas sem artificialismo, nuamente, para não suprimir delas a grandeza: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Seria tirar-lhe a própria alma</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Romance do sofrimento do homem na terra escaldante - <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A Bagaceira </b>também constitui um romance de amor, "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">concessão lírica ao clima e à raça</i>", como diz José Américo - "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">problema de moralidade com o preconceito da vingança privada</i>", da forma que ele define as paixões brutais do sertão.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em 1937, arregimentam-se os políticos. Campanha eleitoral a vista. Eleições presidenciais marcadas para 3 de janeiro de 1938. Plínio Salgado, chefe do Integralismo (camisas verdes), candidata-se. Também se candidata Armando de Sales Oliveira, governador de São Paulo, político de grande conceito e prestígio. Getúlio manda que seus partidários apresentem José Américo como candidato oficial. O lançamento é feito por Benedito Valadares, governador de Minas. O paraibano aceita o encargo. Ganha as ruas, as cidades, pregando idéias, defendendo ideais.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Veio o golpe de Getúlio no dia 10 de novembro de 1937. Fechamento do Congresso Nacional. Prisão de adversários. Liquidação dos partidos políticos. Ostracismo para José Américo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O paraibano tem sete fôlegos. Corajosamente, dia 22 de fevereiro de 1945, decreta, numa entrevista dada a Carlos Lacerda, a queda do regime getuliano.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Conheci José Américo em 1933, quando ele numa comitiva de Getúlio Vargas esteve no Piauí. Fez questão de visitar meu pai, seu antigo colega na Faculdade do Recife, na casa onde morávamos, modesta, na rua Eliseu Martins. Depois, ele, senador, em 1964, no Rio, visitei-o. Simples, afável, incentivador.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nunca me esqueço de um dos seus dizeres lapidares num discurso político, campanha presidencial de 1937, quando analisava realidade brasileira: </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eu sei onde está o dinheiro para o soerguimento do Brasil</i>.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Hoje também eu sei onde está o dinheiro depois que, já maduro, compreendi a mensagem de José Américo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="text-decoration: none;"></span></span></u></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 26/09/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-73874276871173354342012-02-14T08:43:00.002-08:002012-02-14T08:43:37.386-08:00INFLAÇÃO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quando me entendi, vigorava no Brasil o padrão monetário chamado MIL RÉIS, denominação que nos transmitiram os portugueses. Não alcancei o vintém, correspondente à vigésima parte do mil-réis, nem a pataca, de valor fixado em 320 réis. Circulavam as moedas de metal seguintes: o tostão ou cem réis, e dez tostões valiam um mil réis; duzentos réis; o cruzado ou quatrocentos réis; a de quinhentos réis, amarelinha, e a de um mil réis, também da cor do ouro. Corriam também cédulas de variado valor.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em 1942, Getúlio Vargas decretou novo padrão monetário, o cruzeiro, dividido em centavos. Eu me encontrava no Rio de Janeiro quando se deu a mudança. O mil-réis passou a denominar-se cruzeiro.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Nesta Teresina, em 1932, a gente comprava cinco bananas por um tostão e no Rio custava uma passagem de bonde, para longo percurso, a bagatela de 10 centavos. Por 10 centavos se comprava um jornal de 12 a 16 páginas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O cruzeiro, no tempo do presidente Castelo Branco, transformou-se em cruzeiro novo e com o passar do tempo voltou a chamar-se cruzeiro, até que o presidente Sarney adotou o seu célebre cruzado que chegou a cruzado novo. Em março de 1990 voltava-se ao cruzeiro.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Interessante é que tais alterações na moeda se fazem por vontade presidencial, sem interferência do Congresso da República.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Durante muitos anos nunca ouvi falar de inflação. As mulheres referia-se, com a subida dos preços, a carestia, por mínima que fosse a alteração.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Durante cinco anos, no Rio, meu pai mandava quinhentos cruzeiros mensais, importância com que eu pagava a pensão de estudante, lavado e gomado, merendava, usava transporte, adquiria jornal e cigarros, ingressava em circos e teatros e ainda gastava com mulheres nos cabarés e com as namoradas de sorveterias.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Enfrentei a vida nas fases da mocidade e parte da maturidade e nunca ouvi falar de inflação ou li jornais em que se debatesse tal problema. A cousa começou ao que parece no governo de Juscelino, com a construção de Brasília, o maior elefante-branco do país, cidade malvada que se cerca das mais espetaculares favelas do planeta. Construída para quinhentos mil habitantes, já ultrapassou dois milhões de seres humanos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A vertiginosa subida de preços prosseguiu nos governos seguintes e não esbarrou, se não nos dias fantasiosos do cruzado do presidente Sarney.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Inflação, deflação, recessão, choques heterodoxos, e quanto vocabulário que tudo batiza a incompetência dos homens que governam o país, sustentando verdadeiros polvos como as estatais e adotando empréstimos fabulosos, a juros exorbitantes, para a edificação de obras faraônicas, prédios de luxo espantoso, bem assim nas viagens de gastos absurdos com o objetivo de que dois governadores se abracem e se façam rapapés receptivos, como recentemente se verificou na visita de Bush ao Brasil, para os opiparos banquetes, enchedores dos bundulhos de comensais de peru e caviar, e das panças sacolejantes de uísque dos estranjas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No fim de contas, os dois presidentes, com as técnicas avançadas de hoje, bem poderiam entender-se por telefone, onde o telefone [de] Collor receberia as ordens do chefão da violência internacional.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 23/12/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-25321937260458720162012-02-13T13:53:00.000-08:002012-02-13T13:53:56.789-08:00ALIMENTAÇÃO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Contam que o mundo comemorou neste outubro de 1990 o dia internacional de alimentação, certamente da alimentação racional, farta, higiênica, atentadora das exigências da natureza humana. Houve festas maravilhosas na Etiópia, nos miseráveis países africanos, na América Latina e nas suas encantadoras e nas suas encantadoras favelas, alegres e plenas de vida. No Recife, onde os meninos catam restos podres de comida nas latas de lixo, os fogos de artifício coloriram os céus. O presidente Bush discursou aos povos recomendando caviar e perus natalinos. Em Teresina, os restaurantes ofereceram banquetes opiparos aos milionários dos bairros de luxo, enquanto os populares espiavam de longe os manjares dos deuses deglutidos nas afetivas patuscadas. Pobre não come. As populações famintas se encontram diminuindo de tamanho. A ausência de nutrição correta embota a inteligência e priva a pessoa do civismo e da altivez.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Essas campanhas têm a finalidade de desviar a atenção das massas humanas miseráveis, que esquecem os padecimentos e as angústias por alguns dias na esperança de que realmente possam encher o bucho vazio. A publicidade oficialmente paga pelos governos engana os tolos e ignorantes, na matreirice subliminar para a conquista de consciências deformadas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Alimentação é vida. Não se resume em entupir a pança de substâncias que nada revitalizam.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">É alarmante a nossa situação em matéria de alimentação. E exclusivamente a isto se podem atribuir as consequencias devastadoras para o homem brasileiro, para o seu desenvolvimento e para a sua capacidade. A cor de nossa pele não responsável pelos nossos males, mesmo porque "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">há brancos que são mais escuros do que alguns negróides; o cabelo escuro e os olhos negros são comuns a todas as raças; encontra-se o mesmo indício cefálico em grupos das raças mais diversas; a mesma forma do cabelo existe entre grupos étnicos tão distanciados como os indígenas australianos e os europeus ocidentais; os grupos sanguíneos não definem as raças</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">E se somos apenas vítimas orgânicas de um regime alimentar deficiente, cumpre-nos atenuar o seu cortejo maléfico, incrementado a nossa produção e reformando a nossa economia agrária, o que se obterá, como bem ensina Josué de Castro, com o aproveitamento de todas as terras cultiváveis circunvizinhas dos grandes centros urbanos, mecanização da lavoura, financiamento bancário da agricultura, intensificação do cultivo de alimentos, amparo e fomento ao cooperativismo, combate ao latifundiário e à monocultura. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">"<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A fome e a doença são os únicos companheiros constantes da solidão forçada do homem brasileiro</i>", inferiorizado por uma organização econômico-social defeituosa.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O homem brasileiro deve ser valorizado.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">E queremos crer que estas palavras não se tornem mera frase sonora. Estas palavras devem receber um significado real no pensamento e nas ações quotidianas de todos os homens, mulheres e crianças deste país.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Não somos povos inferiores. Apenas nos falta combustível e ainda não resolvemos o nosso problema cultural.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Não somos brancos, nem pretos, mamelucos ou mulatos - somos todos brasileiros.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">É para nós uma razão de orgulho que no Brasil todos sejam membros do mesmo corpo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O preconceito nasce do erro e da ignorância.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Brancos, negros e mestiços - estudemos a grande pátria que os antepassados heroicamente defenderam, para que possamos compreendê-la e dignificá-la, num mundo livre.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 20/10/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-6152491636888663322012-02-13T12:53:00.001-08:002012-02-20T16:51:33.309-08:00CABEÇA-DE-CUIA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A estória vigorou na poesia e na prosa de folcloristas e de estudiosos das manifestações e crendices populares. O sujeito chegou a casa, faminto, hora da bóia, e a mãe do proprio nada tinha que lhe matasse a fome. Irado, muniu-se de osso enorme, um corredor de boi, e matou de pancadas a pobre velha. Cada qual sempre contou a seu modo o episodio, gente do povo e os escritores. Antes da morte, a vítima atirou praga ao filho perverso. haveria de permanecer nas águas do rio Poti, de Teresina, e só quebraria o encantamento depois que comesse sete Marias. O assassino assim vivia. Só deixava a cabeça de fora, boiando, daí a denominação que lhe foi atribuída de cabeça-de-cuia. Causava pavor. Homens e mulheres o temiam.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No livro ENCANTO E TERROR DAS ÁGUAS PIAUIENSES, Josias Carneiro da Silva dá segura interpretação ao cabeça-de-cuia. Tem-no como incestuoso e condenado, para o desencanto, a deflorar sete Marias, proeza dificílima neste mundo de hoje, de mulheres sem cabaço.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A lenda diz comer sete Marias. Na antiguidade mitológica a fecundação independia do contato masculino e das vias naturais receptivas, como sustenta Cascudo. Houve a crença da gravidez <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sine cuncubito</i>. A cobra-grande amazônica engravida cunhã sem cópula, na crença do povo. Existiu época da fecundação oral e por causa disto se emprega comer como sinônimo de copular.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Cascudo conta que numa igreja do Recife há um quadro: Nossa Senhora ajoelhada ouve um anjo mensageiro de Deus e, das alturas, desce em diagonal um raio luminoso, alcançando a orelha esquerda da mãe do Altíssimo. A fecundação teria sido por processo auricular. E o povo logo criou o conhecido dito emprenhar pelos ouvidos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O nosso saudoso Odylo Costa, filho, fez soneto bonito, na "Cantiga Incompleta", em que fala do poder sexual das águas do Parnaíba: </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">"<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Naquele tempo, núpcias e puras,</i></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">as mulheres vestiam-se de peixes,</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">uma camisa ou nada sobre a pele,</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">nádegas, peitos, púbis ofertados,</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">e o rio era possuído e as possuía,</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">no mergulho auroral entre os barrancos</span></i><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">D'Humiac escreveu obra interessante sobre algumas grandes lendas da humanidade, afirmando que o mistério do mundo se explica pela imaginação e pela razão. Concluiu que os velhos mitos estão morrendo porque a ciência os derrota como a verdade.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Josias Carneiro da Silva antevê o desaparecimento das lendas e das fantasias, porque o próprio povo, que as cria, nelas passa a desacreditar, com o correr dos tempos, por através das explicações cientificas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A imaginação, pouco a pouco, vai sendo substituída pela razão, do modo que Josias, indulgente e sabedor, revela no citado livro extraordinário.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><strong>X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X</strong></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Existem notáveis folcloristas no Piauí, no passado como no presente, como João Alfredo de Freitas, nos estudos sobre lendas e superstições no norte do Brasil, obra rara nos dias correntes. Material folclórico poderá colher-se em Hermínio Castelo Branco e Teodoro Castelo Branco, poetas populares, bem assim Clodoaldo Freitas, que compôs versos interessantes a respeito de temas folclóricos. Citem-se ainda o grande Fontes Ibiapina, João Ferry, Baurélio Mangabeira, que tanto se preocuparam com as manifestações do povo e sérios pesquisadores e intérpretes desses temas, da forma que trabalhou Noé Mendes.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Cito apenas os que já saíram desta para o destino final. não citei todos, mas alguns que me chegaram à memória. Entre vivos, existem nomes respeitáveis e aplaudidos, como também entre os falecidos. Fica para outra ocasião a lembrança.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="text-decoration: none;"></span></span></u></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 30/11/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-31940704934561184162012-02-13T11:56:00.000-08:002012-02-13T12:06:18.786-08:00CARROS<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quando cheguei ao Rio, na década de quarenta, já se verificava algum aperreio no tráfego de veículos, sobretudo na avenida Rio Branco, de trânsito nos dois sentidos. Só os ricos ou os bem aquinhoados de vencimentos possuíam automóvel. A classe média e o operariado se serviam de ônibus e do popularíssimo bonde, este último muito ventilado, viagem agradável, tranqüila. Eu gostava sobretudo quando se sentava a meu lado a garota de traseiro bem fornido e coxas de misse, e que roçava na gente acompanhando o sacolejar do veiculo para a esquerda e para a direita e vice-versa, nos trilhos zoadentos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Retomei a Teresina no principio de 1947. A cidade fundada por José Antônio Saraiva tinha uns vinte carros de aluguel e um tanto igual de carros particulares. Não me lembro de ônibus nesse tempo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Se a memória não me falha, foi em 1963 ou 1964 que, em Teresina, fiz entrevista com o senador Sigefredo Pacheco, que havia retornado de viagem a Rússia, numa visita de parlamentares brasileiros. Dirigi ao saudoso médico e amigo várias perguntas sobre o povo russo, o comunismo, a arte, a literatura dessa gente, quase desconhecida dos piauienses na época. O entrevistado ofereceu esclarecimentos curiosos e ilustrativos. Publiquei-os na imprensa.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Não poderia deixar de fazer uma indagação sobre a capital soviética, assim me respondendo o senador: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cidade muito grande e populosa, mas atrasada. Não possui certo conforto da vida moderna, como o automóvel. São poucos esse veículos que trafegam em moscou, menos do que em Teresina</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Sigefredo informava uma verdade. Até na capital russa o tráfego de automóveis se mostra reduzido, o que não significa atraso, mas proteção do governo à economia do povo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No Brasil o ideal de todos reside em possuir automóvel, ricos e pobres. Os pobres, porém, sacrificam as pequenas rendas auferidas para a aquisição de carro próprio e cuja manutenção, com gasolina, peças repostas, oficinas revisoras, só angustiam o raquítico orçamento doméstico. A política soviética se vira para proteger a bolsa popular, proibindo-se que a massa de gente trabalhadora se sacrifique na compra do que lhe acarretará despesas acima do seu poder aquisitivo. Que faz o governo russo? Oferece ao povo o sistema de metrô mais luxuoso do mundo e no transporte subterrâneo todos alcançam, em tempo mínimo, o local de trabalho e de residência.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No Brasil, pessoas que mal comem, mal habitam se envaidecem pilotando o que compraram por altos preços, que adicionam juros criminosos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A ministra Zélia Cardoso de Melo denunciou pela televisão que uma empresa vendedora de carros, a Autolatina, está cobrando preços acima do normal pelos veículos que vende. A empresa contesta a ministra. Não sei de que lado está a razão. Penso, porém, que a ministra deveria punir os preços extorsivos que se cobram pelos produtos extorsivos que se cobram pelos produtos necessários ao povo, diariamente sobem de preço, e o aumento se faz com a autorização do próprio governo, ou da ministra, e se relaciona com o pão, com o leite, com o transporte coletivo, com a energia elétrica.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Carro particular significa luxo, ao menos para o povo de barriga roncada.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 28/12/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-77785730266670063662012-02-13T10:36:00.000-08:002012-02-13T10:36:13.068-08:00FUNÇÃO DAS ACADEMIAS<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">As instituições literárias devem cuidar de objetivos diversos. Não cabe que os seus membros se restrinjam a compor poemas e escrever livros de ficção. As verdadeiras entidades de cultura fiam mais fino. Não esquecem a coletividade e procuram ajudá-la nos seus anseios, educando-a no conhecimento dos aflitivos problemas humanos. Outras vezes convocam escritores, para o conhecimento de novos processos de criação artística. Bom ainda que se consiga a presença de vultos ilustres para que deponham sobre o passado e assim esclareçam dúvidas e equívocos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A Academia Piauiense de Letras tem cumprido deveres e obrigações neste particular. Figuras do mundo cultural têm vindo ao Piauí por convite do sodalício, que consegue junto a administração pública e as pessoas dos convidados, que jamais cobraram um centavo pelos valiosos serviços que prestam a gente e sobretudo aos moços piauienses. Citemos os mais recentes, os que nos proporcionaram lições oportunas nestes últimos cinco anos, vindos por vontade de ajudar a nossa Casa de Lucídio Freitas: Esdras do Nascimento, Jaime Bernardes, diretor-proprietário da famosa editora Nórdica; Assis Brasil, Afrânio Coutinho, nomes que deixaram proveitosas lições aos estudantes da Universidade Federal do Piauí. Outro exemplo de dedicação pode dizer-se do professor Correia Lima, cientista de fama internacional, especialista neste mal do século, a AIDS, com duas palestras educativas sobre o assunto, uma aos jovens, no amplo auditório da Escola Técnica Federal, outra aos acadêmicos, jornalistas e convidados especiais na sede da Academia. O nosso companheiro Vilmar Soares conseguiu a visita.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Deu-nos a honra da presença o presidente da Academia Brasileira de Letras, esse admirável Austregésilo de Athayde, que convidou conosco cinco dias, simples, amável, na velhice verde dos 90 anos, e que prestigiou a Academia e as nossas entidades de cultura pelas lições oferecidas na palavra entusiasmada e contagiante.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Chegaria a vez do mito, cuja vinda conseguimos por intermédio da professora Anita Leocádia, amiga de rara grandeza espiritual. Sim, veio ao Piauí o capitão Luís Carlos Prestes. Visitou os sítios históricos em que ele acampou, com os seus barbudos: Oeiras, homenageado pelo Instituto Histórico e pelo líder B. Sá; Floriano, em calorosa recepção, Monsenhor Gil, a antiga Vila de Natal, de onde o chefão dirigiu o cerco de Teresina - e finalmente esta capital do Piauí, cercado de admiração e respeito, recebido no palácio governamental, na sede do Poder Judiciário, na Assembléia Legislativa, a Prefeitura, na Câmara dos Vereadores e na Academia. Por toda parte Prestes restabeleceu a verdade histórica sobre a marcha formidável pelo interior do Brasil.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Neste outubro de 1990 o nosso conterrâneo Vilmar Soares prestou outro valioso serviço ao Piauí com a vinda do grande professor Affonso Berardinelli Tarantino à Teresina, por convite da Academia. Trata-se de médico de nomeada, membro da Academia Nacional de Medicina, mestre da Universidade Gama Filho, na Universidade do Rio de Janeiro e na Escola Carlos Chagas. Os acadêmicos confiaram-no às nossas instituições médicas a coordenação de um jovem doutor, sério e dedicado, Antônio de Deus. Tivemos todo o apoio do governo piauiense. Foram 15 horas de aulas sobre aspectos da Pneumologia. Palestras úteis e oportunidades a respeito de pneumonia, doenças pulmonares crônicas, derrame pleural, tuberculose, tabagismo, entre outras partes do extenso programa.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">*<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Paulista de nascimento e carioca de afeição, Tarantino me impressionou pelas maneiras simples de palestração. Não parece o professor de tantas láureas. Nem o cientista de fama merecida. Gosta da humanidade, de servir os outros. Apaixonou-se por Teresina, talvez pelos cenários miseráveis do processo de favelização da capital piauiense. Dá pouco valor aos bens materiais. Virtuoso, cultiva princípios maravilhosos que dignificam o homem. Escreve com a compostura do zelo da língua, no estilo vivo, original, gracioso, como escreveram e escrevem os grandes médicos, em falhas, cativo da frase correta, mas sem os pruridos antipáticos das gramatiquices.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Tarantino deu aula de beleza espiritual na Academia Piauiense de Letras. Senti que ele guarda imenso amor a memória da genitora, de cujo túmulo, em São José dos Campos, ele cuida, com os instrumentos da jardinagem, no comparecimento mensal na cidade, na distância de 300 quilômetros.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Aos acadêmicos, na despedida, acentuou que teve tratamento igual ao do Piauí em dois passeios quando visitou Portugal e quando tinha o carinho e o afeto da mãe querida.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 30/10/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-84540041312359508352012-02-13T09:23:00.001-08:002012-02-13T09:23:40.920-08:00CIVILIZAÇÃO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O homem criou a sua própria destruição - máquina, geradora do maior processo revolucionário de todos os tempos, a civilização industrial, e das consequencias dela advindas: o combustível, que provoca a existência das nações pobres e ricas; a conquista de mercados consumidores para os produtos fabricados em larga escala; e o imperialismo dominador, responsável pelas angústias de tantos povos exploradores. O poder econômico, pelos canais de intensa propaganda e publicidade subliminar, institui a cultura <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">enlatada</b>, subvertendo a vida espiritual e criando a fantasiosa existência do conforto a qualquer preço e do desprezo a comezinhas normas de convivência moral. Em nome do progresso, o bonito Rio de Janeiro transformou-se numa selva de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">cimento armado</b>, a fim de que os fabricantes de arranha-céus e elevadores obtivessem lucros fabulosos. A coca-cola, líquido que produz cansaço, torna-se símbolo das alegrias da juventude. Para vender mais, desnudaram-se nádegas, seios e até a parte inferior mediana da região hipogástrica que forma a eminência triangular feminina. Velhotas menopáusicas passeiam as muxibas pelas ruas metidas em calças anatômicas. Homens pelados na televisão exibem as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">mãos nos bolsos</b>. Nada mais nada menos do que a glorificação do NU. Último modelo de veículos, viagem de turismo, uísque para as coronárias, jantares americanos, o arsenal químico dos tranqüilizantes para os sofridos nervos depois dos bacanais que varam as madrugadas - eis alguns quadros do selvagem capitalismo nacional, sustentador do luxo nababesco de uma elite que não cede, que se recusa às reformas urgentes exigidas de uma minoria irresponsável que pouco se incomoda que milhões cheguem ao desespero, pela fome, pela habitação desumana, pela família sem os mínimos bens da vida, pela doença, pela miséria generalizada. A verdade está em que poucos gastam milhões no fausto, no luxo, no comodismo, explorando quase todos os brasileiros da paupérrima classe média e da aviltada classe proletária. Pequenos comerciantes, professores, jornalistas do batente, e milhões que chegam a cinco ou dez salários mínimos sacrificam os ganhos mensais nas prestações para aquisição da bateria de eletrodomésticos anunciados pela propaganda dentro do lar humilde; ou na compra do fusca, o amor das mal-amadas, ou no pagamento da viagem feita a Foz do Iguaçú ou a Buenos Aires; sem falar dos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">carnês</b> do Banco Nacional de Habitação e da sua centena de sucursais pelos Estados antigamente federados, hoje membros da República Unitária Brasileira - e esses dinheiros mensais do ganancioso financiador de casa própria confere direito a uma casinhola na grande concentração dos conjuntos habitacionais. A classe média, sem dinheiro, busca <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">status</b>, a vaidade de obter alguns instrumentos do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">progresso</b> industrial à custa do sacrifício antecipado dos magros dinheiros que recebe. O proletariado, este marginaliza-se, no desempenho das elevadas funções lucrativas de traficantes, de bicheiros, de assaltantes - e assim com lucros fabulosos sustenta as famílias faveladas, onde habita, sob a guarda dos protegidos. Submetem-se a perigosa existência, mas se transformam em heróis no jornalismo e na concepção de gente humilde. Reformem-se as estruturas sociais do Brasil com urgência. Não é possível que pequena porção fútil, dissipando em festas ruidosas e episódios paradisíacos, numa gritante afronta aos que se entregam ao trabalho honesto e digno, [tanto] público como privado. Está na hora de ceder, tanto os latifundiários que exploram a terra e o homem, como os capitães de indústria e os tubarões da economia que sugam os restos de resistência do trabalhador nacional, na indústria como no comércio. Os homens do dinheiro continuam na nefasta teimosia de levar o país ao desespero.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="text-decoration: none;"></span></span></u></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 18/08/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-70128382973330025032012-02-13T08:33:00.000-08:002012-02-13T08:33:15.392-08:00SUSPENSE<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Suspense pertence ao vocabulário inglês. No meu modesto livro ANGLO-NORTE-AMERICANISMOS NO PORTUGUÊS DO BRASIL, que destacamos autores nacionais elogiaram, sem que merecesse registro ao menos de uma linha dos críticos e comentaristas piauienses, salvo os colegas da Academia, nesse livro defino <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">SUSPENSE</b> como momento de forte tensão no enredo de filme, peça teatral ou obra de ficção, certa ansiedade resultante de incerteza, mistério ou indecisão.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Faz pouco tempo a Academia Piauiense de Letras editou e entregou ao público "<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Um Drama de Consciência</b>", do acadêmico e médico <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Salomão Chaib</b>. Ofereci-o a vários jornalistas da terra, mas nenhum registro se fez dessa pequena (50 páginas) obra-prima.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quando li os originais do trabalho de Salomão, lembrei-me de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Eça de Queiroz</b>, em "<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O Mandarim</b>": "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">No fundo da China existe um mandarim mais rico que todos os reis de que a fábula ou a história contam. Dela nada conheces, nem o nome, nem o semblante, nem a seda de que se veste. Para que tu herdes os seus cabedais infindáveis, basta que toques essa campainha, postas a teu lado, sobre um livro. Ele soltará apenas um suspiro, nesses confins da Mongólia. Será então um cadáver; e tu verás a teus pés mais ouro do que pode sonhar a ambição de um avaro. Tu, que me lês e és um homem mortal, tocarás tu a campainha?</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Tocaria você a campainha?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Assim no livro de Salomão. Médico famoso vai operar coronel acusado de [ser] torturador. As vítimas ameaçam por telefone o cirurgião. Ou mata o paciente ou tem a filha raptada. Que fazer? A vida do violento militar se encontra nas suas mãos. Salva-lhe a vida ou a da filha? O livro deve ser lido pois nele se encontra a resposta.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Faz anos tenho muita admiração a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Orlando Parahym</b>, médico pernambucano de merecida projeção cientifica e literária. Possui, inclusive, estudo biográfico e crítico sobre o piauiense Otávio de Freitas, fundador da Escola de Medicina do Recife. Mandei o livro de Salomão a Parahym, que me escreveu pela seguinte forma: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Caro mestre e ilustre amigo Tito Filho. Agradeço-lhe a oferta do livro "<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Um Drama de Consciência</b>", de autoria de Salomão A. Chaib. Ao que me parece, o escritor é profissional da medicina. Além disso, um escritor excelente. Estilo simples, claro e comunicativo. No que se refere à parte médica, aí tudo é perfeitamente descrito, revelando no escrito a personalidade de um cirurgião de alta categoria e longas experiências no ofício. Todas as minúcias acham-se referidas e discutidas a luz dos mais modernos conceitos da cirurgia. Se, no que tange à descrição empolgante do ato cirúrgico tudo se eleva às raias do inexcedível, cabe ressaltar o primoroso literato cuja valorosa personalidade se consagra modelar em todas as páginas em que descreve a intensidade psicológica do terrível drama de consciência vivido pelo Dr. Coutinho. Digo-lhe tais coisas, meu caro Tito Filho, depois de ter lido e relido essas páginas tão empolgantes de um livro capaz de prender nossa inteligência mercê do seu conteúdo admirável e forte, comovente e belo na sua opulência literária e humanística</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Palavras espontâneas de uma autêntica glória da Medicina e das letras de Pernambuco. Outras referências elogiosas me chagaram de várias cidades brasileiras.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">E no Piauí? Nada. Registro algum se fez. Falta de interesse pela boa leitura? Desprezo ao que é nosso? Uma tristeza esta taba piauiense habitada de inúmeros sábios da Grécia.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="text-decoration: none;"></span></span></u></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 31/07/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-85222568857218622022012-02-12T12:22:00.000-08:002012-02-12T12:22:29.885-08:00DIVERSÃO E CULTURA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Assim como Carlitos deu ao cinema dimensões novas, e soube acompanhar a marcha do tempo, compondo o filme na conformidade da evolução do gosto da crítica e do público, para harmonizá-los - Disney nunca desancou na busca de idéias e fórmulas - e foi ele que produziu a película de cenário desenhado, com intérpretes desenhados e figuras vivas de atores e atrizes. Assombroso o método. Disney, apenas Disney, chegaria a tal ponto: Mickey a dialogar com Frank Sinatra.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Passou o admirável artista a produção de filmes naturais, abdicando do desenho - e dessa atividade lucrou o cinema produções de grande aceitação. Utilizava-se de episódios quase desconhecidos da história americana e de outros povos, ou inventava narrativas despertadoras do mais vivo interesse, confiava os papéis a artistas obscuros, para lançá-los, e de cada um obrava o milagre de promover a glória e a fortuna. Disney mágico - o Disney dos filmes encantadores, nos quais a alma humana se mostrava plena de bondade. Os seus bandidos eram homens maus, como todos os bandidos, mas os seus heróis não praticavam ações fantásticas. Eram reais nos gestos, humanos nas atitudes, e podiam, desse jeito, ser imitado das crianças. Cinema educativo, realmente voltado para a educação do menino - o menino que foi a preocupação do artista imortal. Jamais sofisticou as suas comédias, todas plenas de alegria, de entretenimento, de candura, de afeto. Amava a criança e, amando-a sinceramente, dava-lhe, no filme, o ambiente do lar tranqüilo, em que convivem no seio da família: bem humorados, comunicativos, risonhos, compreensivos nos defeitos e confortados das qualidades de cada um, Disney talvez tenha suplantado Carlitos no ideal educativo. Sim, suplantou-o. Carlitos é pessimista: Disney foi otimista - doutor em otimismo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Milionário dezenas de vezes, o feiticeiro dos estúdios de Burbank, em Los Angeles, Califórnia, não sabia guardar dinheiro. E veio a Disneylândia, o seu maior cometimento, a realização que fez de Disney uma impressionante personalidade do século XX.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A Disneylândia, visitada por cinco milhões de pessoas, anualmente, foi construída com cem milhões de dólares, num terreno árido em Anahelm, Los Angeles, Estado americano da Califórnia. Disney concebeu-a para divertir e educar. Uma cidade encantada distribuída em quatro distritos:</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">1) A terra dos Pioneiros (Frontierland), em que os visitantes apreciam a gloriosa luta dos primeiros povoadores da América. As lutas dos desbravadores com os índios. A paisagem social dos tempos iniciais dos Estados Unidos. Os uso. Os costumes. Os transportes. O "saloon", de prostitutas bem cuidadas, uísque ordinário, pistoleiros, coragem e covardia.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">2) A Terra da Aventura (Adventureland), em que se mostram os mais interessantes aspectos da vida de muitas comunidades da terra, os seus animais com sabor de lenda, os seus usos, os seus trajes, as suas árvores, os seus encantamentos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">3) A Terra da Fantasia (Fantasialand), em que se reproduzem notáveis contos de fadas, e ali se vêem, em miniatura, a cabana dos Sete Anões, o borralho e a Gata Borralheira, e tantos outros cenários e personagens que, em todos os tempos, constituíram o patrimônio de contentamento da criançada.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">4) A Terra do Futuro (Tomorrowland), é uma visão da vida além dos tempos atuais, a era dos foguetes espaciais e das viagens interplanetárias.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Tudo isto funciona, diariamente, com milhares de interpretes, com reconstituição de casas e veículos, com reprodução de cenários, e tudo funciona como a mais prodigiosa concepção da genialidade do homem.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Acredito no que educa, ou diverte educando. Somente.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 27/09/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-77732614012788102562012-02-10T08:51:00.001-08:002012-02-10T08:51:44.889-08:00UM POUCO DE JORNALISMO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Estava eu no Rio de Janeiro quando, em 1945, a imprensa se libertou da censura de Getúlio Vargas. Lia os jornais da época e muita apreciava os fortes artigos que corajosos jornalistas escreviam contra a longa ditadura getuliana. Nunca me esqueci de Osório Borba, Rafael Correia de Oliveira, Carlos Lacerda, J. E. de Macedo Soares, articulistas severos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em 1946, criamos, na antiga capital da República, órgão LIBERTAÇÃO, em favor da candidatura de José da Rocha Furtado ao governo do Piauí. Luís Costa, Tibério Nunes, Virmar e Vinícius Soares e eu. Jornalzinho valente. Editado no Rio, vinha de avião para Teresina, onde se vendiam cinco mil exemplares. As edições e o frete eram custeados pelo deputado José Cândido Ferraz.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Já no Piauí, eleito Rocha Furtado, estive alguns meses na orientação do órgão "O Piauí", que circulava nos dias de quinta e domingo, e me foi confiado por Eurípedes de Aguiar. Posteriormente, fiz parte da redação de outras folhas, sempre partidárias, sob a responsabilidade de governistas ou oposicionistas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Na década de 50, participei de "O Pirralho", com circulação semanal. Irônico, o jornal explorava sobretudo os aspectos ridículos das pessoas e da sociedade. Dirigi também revista literária, chamada "Paranóplia", nome de natureza culta, fundada pelos principais jornalistas da terra.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em 1959 passei a direção de "Jornal do Piauí", que obedecia à orientação política do PSD, ou Partido Social Democrático. Dei-lhe redação diferente, sem xingamentos, de elegante linguagem, sem que se abdicasse das criticas a erros dos homens públicos. Uns dois anos depois, secretariei "Folha do Nordeste", jornal moderado, sério, de propriedade de João Clímaco de Almeida, que o dirigia de maneira elevada e respeitadora.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Trabalhei em "Folha da Manhã" e "O Dia", o primeiro de Marcos Parente, dirigindo com segurança por Araújo Mesquita, o segundo fundado por Mundico Santídio, com circulação duas vezes por semana. Quando foi adquirido por Otávio Miranda, ao órgão, que passou a circular diariamente, eu prestava a colaboração dos editoriais, no tempo em que à frente das edições se achava o talentoso Deoclécio Dantas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Estive noutros jornais de Teresina, sempre a pedido dos seus proprietários ou editores, e cito com saudade os nomes de Josípio Lustosa, Bernado[?] Clarindo Bastos, Raimundo Ramos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">"Jornal do Piauí", na fase de José Vieira Chaves, preenche grande parte de minha atividade. Um dia contarei a história de seu diretor, figura humana que a gente não esquece.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Estas lembranças hoje têm o objetivo de falar da revisão dos nossos órgãos de imprensa. Os revisores são mal pagos. Trabalham nas madrugadas, sonolentos. Bondosos companheiros, embora às vezes os autores dos artigos não lhes perdoem os cochilos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Na última quinta-feira, neste espaço, escrevi de 1987 a 1990, mas saiu de 1787 a 1990. tomei um susto. Ninguém pode ser tão velho. noutro ponto escrevi: DEPUTADOS FEDERAIS OU ESTADUAIS. Em vez do plural, publicou-se o singular DEPUTADO. Logo depois deixou-se isto: PELAS SABEDORIAS POPULAR. Redigi SABEDORIA POPULAR. Em certo lugar, engoliu-se a vírgula e suprimiu-se o ponto. em MACEDO se colocou em acento que não foi meu e saiu MACÊDO (com circunflexo). E outros GATINHOS. O pior, porém, se deu com INTENSÃO. Nunca grafei tal palavra pelo jeito que se publicou. Tenho certeza absoluta de que a palavra se escreve INTENÇÃO, com a letra cedilha, a única que leva cedilha.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Durante a longa vida jornalística que tem sido a minha, sempre os bons e inteligentes amigos da revisão me maltratam. Mas nunca deixei de desculpá-lo, porque conheço as dificuldades que enfrentam. Além do mais, quero-lhes bem e lhes ofereço, no percurso dos anos, os meus humildes préstimos. Peço-lhes, porém, que não mexam na minha INTENÇÃO, e deixem sair em INTENSÃO, arrasando a meu diploma de professor de português. Filho gratíssimo ao coleguinha, a quem mando um abraço pelo obséquio.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 22/12/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-21072292927948562952012-02-07T05:42:00.000-08:002012-02-07T05:42:06.222-08:00TRAGÉDIA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Estudante no Recife, meu pai se dedicava a estudos sobre a criança. Gostava do assunto. Foi pobre, sem dinheiros para diversões. Juiz de direito na sua terra natal, Barras, recebeu promoção por merecimento para Teresina. Era 1932. Cidade pequena, a capital do Piauí possuía muitos locais de jogatina. Bilhar, dominó, o gostoso bozó para aposta de cervejas, e os cabarés já vicejavam por alguns lugares.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Meu pai pleiteou junto ao Tribunal que lhe fosse confiada a jurisdição dos menores. E assim foi feito. Sem veículos, com uns dois fiscais, havia segura fiscalização nos ambientes que se julgassem nocivos às crianças, que freqüentavam cinemas de tarde e ninguém os via nas ruas sem a companhia dos pais depois que a usina elétrica dava o sinal das nove da noite.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quando fui estudar no Rio na década de 40, nunca vi garoto pelas ruas desacompanhados dos responsáveis e as diversões eram rigorosamente observadas quanto à idade de freqüência de crianças e adolescentes.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O Brasil nunca melhorou de vida. Vítima do colonialismo e já agora do imperialismo, quintal dos norte-americanos, país favelado, faminto, doente, em que nada funcione senão assaltos e crimes, dono de desumano sistema penitenciário, coletividade erotizada, desavergonhamento moral por toda parte, miséria, humilhação de magnatas estrangeiros examinando as contas do governo, ministros em adultério público - o governo agora, debaixo de riquíssima propaganda, festejou o dia da criança. O presidente da República possui ministros infantis. Uma patuscada. Decretou-se um estatuto da criança, como se o país nunca tivesse adotado códigos que protegessem os menores e que passaram a letra morta desde que a sociedade brasileira destruiu o lar da família. Mais uma vez se desviou a atenção nacional dos profundos malefícios que constituem a causa da desgraça do menor.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O espetáculo nacional semelha impiedade. Sociedade perversa voltada para o enriquecimento fácil, para os golpes milionários, para a futilidade, para o luxo, o gozo dos bens materiais, sem peias. As mulheres abandonaram o lar. Os meninos vivem nas ruas, espelho de uma sociedade maléfica. A rua reflete a patologia social e nela a angústia busca um consolo, um alívio, a rua é o refugio dos que não têm lar, têm apenas casa ou abrigo debaixo das pontes ou a promiscuidade dos conjuntos habitacionais. Pertence a rua aos sem-afeto.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O homem construiu uma civilização que o aniquilará. O mundo vale sexo, violência, dinheiro. O menor depende de uma liderança educacional apoiada no amor materno. Sem esse apoio, o menino busca na rua auto-afirmação. Não há crianças ruins, existem crianças mimadas ou escorraçadas, futuros desajustados. Uma sociedade injusta e desequilibrada produzirá apenas revoltados e criminosos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Verifiquem-se os crimes que se praticam contra a criança no cinema, na televisão, observam-se os clubes mundanos, os botecos, os outros de jogatina. Cafetinas e gigolôs comerciam a carne de jovens mulheres, vendidas a concupiscência de bandidos engravatados.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Mas uma campanha hipócita pelo menor cuja saúde espiritual depende do saneamento moral da sociedade dita moderna - uma sociedade em que os ricos chafurdam no prazer dos vícios e dos gastos supérfluos e os milhões de párias brasileiros [que] vegetam no mais cruel dos destinos humanos: o de ao menos enterrar os filhos entanguidos e raquíticos que mulheres esqueléticas têm a desdita de parir para a morte.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 25/10/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-13463030012588679862012-02-07T04:33:00.001-08:002012-02-07T04:35:34.686-08:00CORONÉIS<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Acabo de ler <strong>Império do Bacamarte</strong>, de Joaryvar Macedo, das mais aplaudidas afirmações da literatura cearense dos dias que correm. Trabalho curioso e sério, estudo de sociologia e de processos políticos de história do Ceará, sobretudo da região do Cariri. Bacamarte e punhal participavam dos episódios de domínio e de sangue, quer o livro retrata com grande fidelidade de observação. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Outros livros me encantaram de ensinamentos no tempo de sua leitura, como <strong>Heróis e Bandidos</strong>, doutro cearense leal às letras históricas e sociais, Gustavo Barroso, e <strong>Coronelismo, Enxada e Voto</strong>, de Vítor Nunes Leal, jurista punido pela quartelada de 1964, quando honrava o Supremo Tribunal Federal, e estudioso de homens de costumes políticos interioranos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A obra oportuna e importante de Joaryvar Macedo fez que eu, neste escrito de jornal, convoque conterrâneos de talento para a escritura da história dos coronéis do Piauí, nos tempos coloniais, no Império e na República, e são muitos, os donos da gadaria e depois os latifundiários da monocultura. Da forma que se verificavam noutras terras, os assassinos de modo geral caracterizavam a violência dos poderosos, cujas riquezas em animais e terras se conservavam pelos casamentos de parentes, no interior do clã familiar. Imperdoável, sem o casamento, a desvirginização das donzelas. Os garanhões se casavam com a deflorada ou perdiam o aparelho sexual, pela capação sem dó nem piedade.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ainda não se escreveu a história do coronelismo no Piauí nem dos coronéis orgulhosos do mando e da impunidade, sempre dois em cada área da política partidária, a do governo e a da oposição, vivendo ambos num mundo selvagem.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Conheci alguns coronéis célebres, homens que criam em Deus, corajosos e as mais das vezes de elevados sentimentos humanos. Igualmente nãos e valiam de gestos de perversidade. Respeitavam os adversários. Respeito recíproco. Intransigentes, porém, nas inimizades políticas, sem que transigissem nas determinações de consciência e de vontade. Alguns coronéis que conheci possuíam a virtude do sacrifício. Tinham bens patrimoniais herdados e conservados pelo trabalho profícuo. Aos amigos da paisagem social, eleitores de cabresto, de cega obediência aos ditames do chefe, forneciam-lhes roupa, calçados, hospedavam na própria residência os caboclos dos povoados, mulheres e filhos, assistindo-os na doença e nos remédios.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Creio que o coronel do Piauí difere do coronel de outros cenários importantes, talvez por causa do criatório de sociedade com o vaqueiro.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Acho que está no tempo de que se conte a história dos coronéis piauienses, os nascidos aqui ou que aqui sentaram o rabo na rapadura e se enfeitiçaram da terra.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Coronéis, que conheci quando deles se aproximava a viagem derradeira, foram Chico Santos, Joaquim Leitão, Lourenço Barbosa, Chico Alves Cavalcante, Manoel Nogueira, Manoel Lages, José Nogueira de Aguiar, Joaquim Gonçalves Cordeiro, Manoel Costa, Antenor de Castro Rego, Orlando Carvalho, Rocha Neto, Miguel Oliveira, João Ribeiro de Carvalho, Paes Landim e alguns outros, que a memória no momento não ajuda a repetir. Conheci pessoalmente os acima referidos. Homens de fibra. Fiéis aos compromissos partidários. Às vezes dois lutavam na mesma área, e onde um estivesse, o outro estaria no lado contrário.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Alguns assuntos, neste Piauí, dariam grandes obras literárias, ou estudos históricos, como o romance dos primeiros desbravadores de caminhos para o caminhão, os tipos femininos na vida literária e na história e ao final os coronéis piauienses, com suas virtudes e desvirtudes.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 24/09/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-24283963531538882672012-02-06T06:18:00.000-08:002012-02-06T06:18:18.636-08:00GREVES<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O país, não cabe duvidar, encontra-se doente. Insuportáveis as condições de existência dos brasileiros, sem que possam auferir os bens essenciais da vida, a partir da mãe grávida, desnutrida, ao nascimento do menino - sem alimentação, sem assistência, sem os mínimos requisitos de saúde e desenvolvimento para as outras idades da vida. Sofrem operariado e classe média insultos de toda espécie. Essas duas camadas sociais não possuem elementares recursos financeiros para o sustento da constelação familiar. Reproduzem-se diariamente movimentos grevistas. O fato se torna espantoso pois as greves tão excessivas são o retrato negativo da política econômica e das medidas adotadas pelos que por ela são responsáveis. A liberdade constitui bem precioso, mas convém estimá-la no direito elementar e necessário ao bem estar e à felicidade coletiva. Liberdade para o xingamento nos comícios eleitorais, nisto reside a negação da liberdade. A liberdade seria o benefício maior de não passar fome, de morar em casas confortáveis, nunca em tugúrios promíscuos dos conjuntos habitacionais. Estaria em poder cada um educar os filhos. Pretende Dona Zélia Melo que a inflação foi derrotada, o que não é verdade, e o recurso, o remédio heróico, infalível, está na greve. Quando se começou o uso da greve? No momento em que o operariado sentiu o excesso de horas na exploração do empregador. Trabalhava-se normalmente das sete da manhã até a noite. A reunião dos trabalhadores se deu em Paris, na <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Place de Gréve</i> - e só se voltou ao trabalho depois da humanitária diminuição da jornada no emprego. Que se reivindica hoje com paralisações sucessivas nas empresas públicas e privadas, quando se estagna o funcionamento generalizado até de serviços essenciais à coletividade? Apenas salários mais compatíveis com as necessidades elementares, uma vez que não se acredita mais na possibilidade de viver, somente de vegetar, e mal, com raquíticas e reles pagas mensais aos pobres operários nacionais. E o mal aviltante atinge ainda a classe média à qual pertencem servidores graduados, funcionários públicos, bancários e outros, que grevam pelos motivos dos constantes e inexplicáveis achatamentos do dinheiro. As greves inacabadas, uma seguida da outra, não têm, no Brasil, objetivos de conquistas sociais no terreno da saúde, pois as filas da assistência oficial são humilhantes; da educação, pois se encontra o ensino do governo, do primeiro grau à universidade, e escorchante o preço dos estabelecimentos particulares; do alimento, que, minuto a minuto, se eleva o custo, por especulação e outras maneiras de ganância dos negociantes; do remédio, cuja fabricação está sob o poder de fabulosos trustes internacionais, do sistema de comunicação de massa através da televisão, dirigida por competentes homens de negocio deformadores da consciência nacional, impondo-se as imagens por interesses internacionais - e o Brasil, de modo subliminar e perverso, aplaude a glorificação de bicheiros e a música barulhenta e vociferante do roquenrol.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O operário suspende o trabalho porque está faminto, maltrapilho, desassistido, ao lado da família no mesmo estado de abandono e miséria. As centenas de greves nacionais revelam o quadro espantoso, a paisagem de desordem física e espiritual em que se agitam os trabalhadores brasileiros.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 30/08/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-23862519982706660902012-02-05T11:50:00.000-08:002012-02-05T11:50:02.471-08:00A MÁQUINA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Não cabe dúvida que a máquina provocou a maior revolução de todos os tempos, a revolução industrial, que mudou radicalmente a estrutura da sociedade universal. Derribou preconceitos. A economia dos povos passou a apoiar-se no combustível ou na falta deste. Extinguiu-se o regime escravo, a exemplo dos Estados Unidos. E o que foi pior: expulsou a mulher do seu lugar de primeira educadora, no lar, e maior responsável pelas finanças domésticas, pois a ela cabiam os encargos de prepara a roupa, o remédio e fabricar o alimento - e tudo isto, encarecido pela produção da indústria, saiu da órbita caseira e fez que as donas-de-casa passassem ao sistema do consumismo e buscassem emprego para ajudar as despesas respectivas. Quanto mais se intensificou o poder de abarrotar os mercados consumidores, muito forte se tornou a publicidade, por múltiplos veículos, e cada dia o ideal de conforto a qualquer custo contagiou as diferentes classes sociais. Surgiram os meninos sem o leite materno, a adolescência desamparada de afeto, a mocidade rebelde, e a maturidade irresponsável, dissipadora e disposta sempre à esperteza, aos golpes de dinheiro, às fraudes - num corpo social aniquilado espiritualmente pela ganância. Triste, muito triste, será o quadro no terceiro milênio que se aproxima, pois subvertendo a ordem dos costumes e dos hábitos privados e públicos, derrotando o homem no seu teor de virtude - o poder industrial buscaria desmoralizar as mais caras instituições da vida, com inicio pela constelação familiar. Afrouxaram-se e perderam-se os freios morais. O ser humano tornou-se escravo do dinheiro, semelha uma cédula de dólar, tudo vende e tudo frauda. Chegou-se ao processo da violência, cujas razões são, nos crimes de sangue, também econômicas. Até 1968, ainda se mantinham certos fundamentos cristãos nas relações de homens e nacionalidades, quando adveio a chamada revolução cultural dos jovens, em maio, partida dos universitários, para mudar o modo de ser da sociedade, que para eles padecia de incurável velhice. Assassinaram-se líderes, destruiu-se um sistema para salvação de estruturas em decadência, como se anunciou. Anularam-se os valores morais. Estabeleceu-se a liberdade sexual. As artes padeceram, e no quadro negativo a música se tornaria frenética, como se tivera o destino de fabricar doidice e gestos macaqueados. A droga se faria companhia habitual de adolescentes e moços, para o futuro fosse dependente de anticidadãos doentes e derrotados. A primeira grande vítima desse movimento estudantil que libertou instintos e ambições se chama, na preleção de Dom Eugênio Sales, a família, que se debilitou, com a convocação da publicidade para o mal e o desperdício. Abandonou-se a prole. Liquidou-se o senso de moralidade. Aboliram-se práticas de leitura e de aprimoramento da inteligência. No prazer se fixam todas as vontades. Valem os instintos. Desapareceu a honra. O trabalho ainda vigora, mas incômodo. Matam-se seres humanos pelo aborto e crianças na rua, pela inanição. Estimula-se o crime propagando o heroísmo dos que o praticam. Não se crê na vida política. E tem-se como difícil a salvação. Salvo, de forma que escreveu o pastor dos cariocas, se as derrotas sofridas pelo homem sejam passageiras e que voltemos às normas sagradas do nosso verdadeiro destino.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 25/08/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-25807901417007149922012-02-05T08:19:00.000-08:002012-02-05T08:19:14.474-08:00O AUTOMÁTICO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Existia um prédio grandão em Teresina, andar térreo, linhas severas, projetos de Luís Mendes ribeiro Gonçalves. Nele funcionava, na rua Coelho Rodrigues, a Faculdade de Direito; defronte da praça Deodoro, a Diretoria da Fazenda; com frente para a praça Rio Branco, a Diretoria das Obras Públicas; e ao lado da igreja do Amparo, a Chefia de Polícia.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O governo mandou derribar a construção e no lugar pretendeu fazer um edifício que abrigasse as secretarias e outros órgãos. Faltou dinheiro. O esqueleto do espigão levantado, feio, debaixo de sol e chuva. Resolveu-se vender o troço ao Ministério da Fazenda, que concluiu o edifício e nele se encontra instalado.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">X</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Foi bom. Eu era molecote, estudante de ginásio, e assisti a solenidade inaugural do telefone automático de Teresina. O povo entusiasmado aplaudiu o acontecimento. Sinal de progresso e de civilização, embora a capital piauiense ainda fosse pouco populosa.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">X</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Eleito pela Assembléia Legislativa governador do Estado, o médico Leônidas de Castro Mello assumiu o exercício das elevadas funções a 3 de maio de 1935, disposto a realizar amplo e oportuno programa nas mais diversas esferas administrativas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em fins de ano deu posse, abriu o Poder Executivo concorrência pública para o serviço telefônico de Teresina, a que habilitaram duas empresas idôneas, a Companhia Brasileira de Eletricidade Siemens Schuckert S. A., e a Sociedade Ericsson do Brasil, vencedora a primeira, de acordo com parecer de comissão julgadora aprovado pelo governante.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Pequeno atraso nas obras não permitiu que o grande melhoramento se inaugurasse nas festas comemorativas do segundo aniversário do governo Leônidas Melo, a 3 de maio de 1937, verificando-se poucos dias depois, a 17, pelas 19 horas, na sede da antiga Diretoria das Obras Públicas, que dava para a praça Rio Branco.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Deve recordar-se que, na época da introdução do telefone automático em Teresina, muitos se utilizavam do aparelho para o que se denominava trote: ligava-se para senhores ou senhoras conhecidos ou importantes e transmitiam-se boatos prejudiciais, noticias espalhafatosas, xingamentos ou ditos pornográficos - circunstância que levou o Diário Oficial do Estado, edição de 20 maio de 1937, a publicar o seguinte aviso urgente da Diretoria das Obras Públicas: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Serviço Telefônico avisa que em virtude de abusos verificados por muitas pessoas que se utilizam dos aparelhos, resolveu controlar o serviço de ligações. Por esse controle verificará de quais partem tais abusos. Os mesmos serão desligados e o assinante perderá a caução e terá o nome publicado no jornal</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O governador Chagas Rodrigues assumiu o poder a 31 de janeiro de 1959. Enfrentou o problema da paralisação dos serviços telefônicos de Teresina e resolveu-o.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Foi adiante. Propôs à Assembléia Legislativa a criação de empresa estatal que implantasse, explorasse e dirigisse a telefonia em todo o Estado. Com este sentido, sancionou a Lei 2.060, de 7 de dezembro de 1960, criando-se a Telefones do Piauí S/A - TELEPISA, juridicamente constituída em 22 de novembro de 1965, no governo de Petrônio Portella Nunes, quando houve a respectiva assembléia geral de constituição, aprovaram-se os estatutos e elegeu-se a primeira diretoria.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 25/11/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-21375160110449202162012-02-04T08:57:00.001-08:002012-02-04T08:57:44.297-08:00SAGA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Era 1939. Compunha-se o Tribunal de Justiça do Piauí, ou Tribunal de Apelação, como era chamado, de seis desembargadores: Ernesto José Baptista, Simplício de Sousa Mendes, Cristino Castelo Branco, Esmaragdo de Freitas e Sousa, Adalberto Correia Lima e José de Arimathéa Tito, relacionados por ordem de antiguidade no colegiado, que se tinha como dos mais ilustres e corretos do país. Os seus julgadores gozavam de respeito e admiração. Sérios, estudiosos, políticos. Distribuíram justiça, a boa justiça que confere a cada um o que lhe pertence. Os acórdãos da alta corte mereciam transcrição em revistas judiciárias da maior evidência no país, como peças magistrais de estudos e de doutrina e de correta aplicação da lei.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em setembro do ano referido aposentou-se o desembargador Cristino Castelo Branco. Abriu-se a respectiva vaga no Tribunal, que deveria preencher-se por merecimento. Pretendia o lugar de juiz de Direito de Teresina - Eurípedes de Castro Melo, irmão do interventor federal no Piauí, Leônidas de Castro Melo - e este alimentava grande desejo de nomeá-lo para a Corte de Justiça. Chegou a endereçar correspondência aos desembargadores Esmaragdo de Freitas e José de Arimathéa Tito pedindo-lhes voto para o candidato fraterno. A maioria do Tribunal, porém, na organização da lista tríplice para promoção não indicou o nome de Eurípedes.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O Chefe do Poder Executivo descumpriu a indicação do Tribunal. Baixou decreto a 27 de novembro de 1939 aposentando os desembargadores Esmaragdo de Freitas e Sousa, José de Arimathéa Tito e Simplício de Sousa Mendes. O ato de violência estarreceu a consciência jurídica nacional. As vítimas da perversa ditadura instalada por Getúlio Vargas lutaram pelos meios legítimos, mas nunca conseguiram voltar aos cargos, por razões de amizades dos algozes com os donos do poder.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Tornou-se o Tribunal de Justiça dependência do Palácio de Karnak, sede da interventoria federal. O presidente Adalberto Correia Lima, que apoiou as aposentadorias, elegeu-se para o mesmo cargo até quando quis. Aposentou-se em 1954. Chefiou o Poder Judiciário durante quinze anos, como proprietário do Tribunal. Raros os desembargadores e juízes que desempenhavam com independência as funções da magistratura.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ocorreu a queda de Getúlio Vargas e conseqüentemente a destituição de Leônidas Melo da interventoria no Piauí. No Rio, os dois principais candidatos à presidência da República, Eduardo Gomes e Eurico Gaspar Dutra, consentiram em que a Chefia do Executivo federal se entregasse ao presidente do Supremo Tribunal Federal e os interventores passassem ao desempenho dos presidentes dos Tribunais de Justiça nos Estados, mas no Piauí o presidente do Judiciário foi afastado do critério por virtude do seu evidente partidarismo. Entregou-se o poder a um coronel reformado.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Conquistada em 1945 a liberdade de imprensa, após a escuridade do perverso sistema ditatorial de Getúlio Vargas, o país preparou-se e iniciou as campanhas eleitorais com intenso entusiasmo. No Piauí o Tribunal de Justiça, por motivo de atitudes da maioria dos seus desembargadores, era severamente criticado nos julgamentos orientados pelos interesses da politicagem. Os membros do colegiado se submetiam à debocharia da opinião pública e recebiam apelidos grotescos com que o povo procurava caracterizar-lhes a personalidade.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Desmoralizou-se o Judiciário, pela prática nociva da defesa do partido oficial, decidindo por paixões políticas e por parentescos familiares.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Neste clima de decomposição de um dos poderes responsáveis pela segurança das instituições, o médico José da Rocha Furtado assumiu o cargo de governador do Piauí, eleito livremente no dia 19 de janeiro de 1947 e empossado a 28 de abril do mesmo ano. Candidato da União Democrática conquistou escassa maioria na Assembléia Legislativa.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O novo governante piauiense, cidadãos de honestidade inatacável, leal, médico de raro conceito, cirurgião projetado, idealista, desafeito dos métodos da política malsã, enfrentou, no quadriênio, dificuldades sem fronteiras criadas pelo Tribunal de Justiça de maioria facciosa, pela maioria dos deputados estaduais e pela presidência da República, exercida por Eurico Dutra e que, na alta magistratura da nação, adotava para o governo piauiense os gestos facciosos exigidos por um genro, que arrecadou uma cadeira de deputado federal, como candidato do Partido Social Democrático do Piauí, para que se prestigiassem os adversários de Rocha Furtado na aplicação de remédios ilegítimos que destruíssem do poder o governador do Estado.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A Academia Piauiense de Letras está editando as memórias de Rocha Furtado. A saga de um período que vai de abril de 1947 a janeiro de 1951, numa narrativa rica de incidentes. As suas páginas devem incorporar-se à história do Piauí. Testemunham fatos e episódios na palavra de uma das figuras mais destacadas do nosso passado recente.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 19/07/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-66784226242767424562012-02-03T08:26:00.000-08:002012-02-03T08:26:33.030-08:00INSULTO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ivan IV, o primeiro grão-duque de Moscou a tomar o título de czar, em se declarando sucessor pelo sangue do romano César Augusto, foi dos mais violentos e mais cruéis soberanos da história da humanidade.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Órfão de pai e mãe, submetido a tutela dos boiardos que se entredevoram para conquistar o poder, Ivan faz o aprendizado da astúcia e da crueldade à sombra dos protetores que, no entanto, o ignoram. Coroado czar em 1547, com 17 anos de idade, ele manifesta logo inicio uma autoridade assustadora. Sádico e místico, considera-se o vigário de Deus na Terra e se imagina desculpado antecipadamente por todos os seus desregramentos. Sua mórbida desconfiança o leva a ver por toda parte espiões e traidores. Manda torturar devotos favoritos. Até sente mais prazer quando comete injustiças.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ivan gosta tanto de sangue quanto de mulheres. Casará oito vezes, sem se preocupar com a Igreja. Algumas das esposas morrem envenenadas, para satisfação do czar que prefere escolher as substitutas entre milhares de jovens em autênticos concursos de beleza.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Entretanto, não perde de vista de vista a missão política. Luta para largar seu reino, em batalhas sangrentas com poloneses, tártaros e suecos. A principio com sucesso, depois com incontroláveis perdas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quem era Ivan, o Terrível, o homem que matou o próprio filho e herdeiro? Que se divertia soltando ursos selvagens contra homens, mulheres e crianças? Que comandou o genocídio de Novgorod?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O retrato de Ivan feito por Henri Troyat, russo naturalizado francês, na sua autoridade de acadêmico, é verdadeiramente singular e oportuno, lançando uma luz serena, mas forte e clara, sobre a maneira de ser do povo russo, delirante, fanático e submisso, sempre corajoso até as últimas conseqüências.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Henri Troyat nasceu em Moscou, em 1911, como Lev Tarassov, nome mudado logo que chegou a Paris, em 1917, portanto, com apenas seis anos de idade. Naturalizado, cedo se consagrou a literatura. Foi Prêmio Goncourt em 1938 e é membro da Academia Francesa. Tem uma longa produção literária, variada, que inclui romances isolados, ciclos de romances históricos, biografias, ensaios, crônicas e narrativas diversas. No que toca a biografias, Troyat já publicou as de Dostoievski, Putchkine, Tolstoi, Gogol, Catarina, a Grande, Pedro, o Grande, e Alexandre I, todos personagens influentes nas artes e na história russas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Sobre Ivan, o Terrível, na imprensa francesa, merece destaque um comentário de Alexei Antonkin, no "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Temps-Économi Littéraire</i>":</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">"Desde a História da Rússia, escrita entre 1816 e 1826, por Nikolai Karamzine, o livro de Henri Troyat é a mais inquestionável contribuição para p esclarecimento do reinado de Ivan, o Terrível. E as comparações com a Rússia de hoje são gritantes".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; line-height: 150%;">X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">CARLSO EDUARDO NOVAES é, sem dúvida, o único humorista brasileiro de primeira linha que faz você continuar rindo na segunda, na terceira e assim por diante. E já que é assim, nada melhor do que a notícia da publicação de um livro seu, O País dos Imexíveis, uma nova coletânea de crônicas sobre o cotidiano brasileiro que é, ao mesmo tempo, a mais alegre história dos nossos dias...</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Na hora em que todo mundo se mexe, será o Brasil o país dos imexíveis?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Mexe e remexe, estamos aí com mais um Plano em que muitos gostariam de atirar mexericos. Entretanto os mexericos são muitos e os mexeriqueiros e mexeriqueiras não param, melhor dizendo, vivem se mexendo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">E o Brasil? Imexível ou Mexível, escorre aqui pela pena bem humorada do sempre inovador Novaes, coadjuvado, literalmente, pela pena de Vilmar Rodrigues.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Imperdível!</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Carlos Eduardo Novaes é o humorista mais diversificado no momento. Seus últimos sucessos têm acontecido na área teatral, onde, além de fazer o texto, ele sobe quase todos os dias ao palco para dar o seu recado. Continua mantendo, porém, uma constante na vida: não deixa de escrever as suas crônicas e delas faz um retrato bem humorado deste Brasil... dos imexíveis.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Este é o décimo-nono livro de Novaes publicado pela Nórdica. E o décimo-terceiro da série: "Histórias dos Nossos (Nossos?) Dias!".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 21/09/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-65983003190760235932012-02-02T16:01:00.000-08:002012-02-02T16:01:26.907-08:00FUNCIONÁRIO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O funcionalismo público das diversas esferas do Poder no Brasil tem atravessado fases distintas. Deixemos de parte a Colônia, o Império, a chamada República Velha e vejamos o assunto nos tempos que sucederam o movimento que derribou do poder o presidente Washington Luís, a revolução de 1930. Os quadros de serviços administrativos, organizados com número fixado de titulares, eram rigorosamente observados. De vez em quando realizavam-se concursos sérios para preenchimento de vagas. Difícil, nas repartições, que se encontrasse funcionário para escovar urubu, à espera de que os ponteiros marcassem o horário de saída. Realizavam-se dois expedientes. Raras vezes se concediam licenças. No Brasil, porém, a seriedade das leis e dos regulamentos dura pouco. De principio, admitiu-se a interinidade, e dentro em pouco havia mais interinos do que efetivos. Inventaram-se quadros de extranumerários e de servidores extraordinários. Iniciou-se o abarrotamento dos órgãos governamentais. Inventaram-se maneiras de cortejar fêmeas de bonitos predicados físicos. Sim, as mulheres começaram a povoar os órgãos administrativos. Criaram-se autarquias e seguidamente as estatais se estabeleceram. Aboliu-se o concurso. Outras modalidades remuneratórias surgiram, como o pagamento por serviços prestados e o contrato pela Consolidação das Leis do Trabalho, e logo uma legião de celetistas nasceu por todos os cantos e recantos das áreas do governo nos domínios federal, estadual e municipal, autárquico e das empresas estatais. Inchou o funcionalismo público brasileiro, que nos dias que correm não se sabe a quanto chega. Deixou-se de trabalhar. As mulheres se dedicaram a retocar a pintura ou executar trabalho de crochê ou tricô. Breve a fértil imaginação de chefes e subalternos, para melhores ganhos, idealizou e concretizou a prebenda da disposição. O servidor de um organismo passou a servir em outro, com percepção de vencimentos pelos dois. O fato tornou-se uma lucrativa indústria, nos mais variados setores da vida pública. Instituíram-se inúmeros tipos de licença, e proliferam servidores licenciados com base em múltiplos favores legais. As proteções políticas de 1946 a esta parte do calendário nacional entupiram repartições a tal ponto que em alguns setores existem turmas de revezamento: uma turma de cem servidores trabalha num dia, no outro dia espairece, substituída por outros cem que folgam no dia de servi-lo dos primeiros. Chegaria a vez dos feriadões, três ou quatros dias da semana em que o Brasil fecha o serviço público. O soçaite vive à tripa forra. Gente de político bem sucedido, de titular de função importante, de empresário farto de lucros, esposa, mãe, mora, genro, filho, obtém polpudos empregos. O grosso modo do funcionalismo público está constituído de mocinhas e rapazolas de classe média e operária, que percebem ordenados irrisórios, que mal cobrem as despesas do pai pobretão na compra de calçados ordinários e roupas de pano ruim. Pois esses milhares de pobres e humildes servidores de vez em quando padecem as conseqüências das medidas de arrocho que os governos adotam para a cobertura dos déficits orçamentários, resultantes das orgias de viagens nababescas e mordomias injustificáveis.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A crise brasileira é antes de tudo moral, mas os pobres barnabés acabam pagando o pato. A politicalha gerou o empreguismo na alta-roda. Madames de maridos ricos, mulheres importantes, de luxos desmedidos percebem gordas sinecuras como funcionarias fantasmas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Os vícios e as mazelas da máquina administrativa da União e o cortejo de estatais, dos Estados e dos Municípios não decorrem dos barnabés, porém dos maus exemplos de cima, dos poderosos, dos que exploram o brasileiro por todas as formas e modelos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 29/08/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-59316424428182095792012-02-02T08:08:00.000-08:002012-02-02T08:08:27.344-08:00AINDA A URUCUBACA<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Não vi o carnaval de 1915 de Teresina, mas sobre as nossas folias carnavalescas consultei jornais, revistas e livros, e pude registrar, ano por ano, as músicas mais cantadas na capital piauiense durante os dias momescos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em 1915 cantou-se e dançou-se a marcha AI, FILOMENA. Grande sucesso, retumbante mesmo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O governo do presidente Hermes da Fonseca não foi popular. O presidente arrecadara antipatia generalizada. Tinha fama de homem tapado, de pouca inteligência, da mesma forma que o General Gaspar Dutra, o governante de 1946 a 1951.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Propalava-se que o governo hermista dava azar, e o carioca logo arranjou um jeito de arrumar a palavra URUCUBACA para defini-lo como tipo que dava pesa, azar, macaca. Os versinhos da marchinha AI, FILOMENA, diziam assim: "Ó Filomena / Se eu fosse como / Tirava a urucubaca / Da cabeça do Dudu". Dudu era apelido de Hermes da Fonseca.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Aurélio registra URUCUBACA como inhaca, jetatura, macaca, pé-frio. A palavra ingressou na voz popular no século XX. E como a palavra constitui entidade fonética, morfológica, sintática, semântica e social, com esta última característica ela se cria, se transforma, se modifica e morre. Talvez URUCUBACA tenha saído da voz do povo, suplantada por outras mais expressivas ora de melhor entendimento.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Câmara Cascudo sustenta que URUCUBACA se tem como cristão carioca, de 1914, aplicada a Hermes da Fonseca quando este deixava o governo da República. E reproduz ensinamento alheio dando-lhe origem em URUCUBACA, mais CUMBACA, tipo de peixe tido como azarento. Deu-se, por força da lei do menor esforço da linguagem, a queda da letra M antes da bilabial B. Comodismo do povo. Mas no dicionário de Antônio Geraldo da Cunha, este pesquisador estudioso tira URUCUBACA de URUBU e MACACA, com troca de fonemas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A música carnavalesca sempre se voltou para a política e seus respectivos líderes. MAMÃE EU QUERO tornou-se aplaudidíssima, em 1930. Todos queriam MAMAR no governo. Hermes da Fonseca foi muito ridicularizado pelos compositores. SEU MÉ levava ao ridículo o presidente Artur Bernardes outra vítima da debocharia popular. Quando Getúlio Vargas caiu do poder, em 1945, depois de quinze anos amigado com o Palácio do Catete, e Dutra foi eleito, assumindo em janeiro do ano seguinte, logo surgiu O CORDÃO DOS PUXA-SACOS, no carnaval de fevereiro, pois os políticos se passaram para o novo sol que nascia. Em 1950, porém, Getúlio se elegeu pela força do voto popular. No carnaval de 1951 cantou-se muito BOTA O RETRATO DO VELHO OUTRA VEZ, alusão à circunstância de que, nos seus negros tempos ditatoriais, a propaganda oficial espalhou o retrato de Getúlio por toda parte, arrancado das paredes quando Dutra alcançou o governo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">As ditaduras proibiam rigorosamente as críticas safadas das músicas carnavalescas. Só admitiam composições elogiosas. Os compositores tiveram que viver de outros temas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Voltando à vaca fria, não acredito em URUCUBACA, mesmo que o tema tenha enricado a crendice e a superstição do povo.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 27/07/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6408731085379234201.post-2040086292996609782012-01-31T06:16:00.001-08:002012-01-31T06:16:31.452-08:00AINDA O COMÉRCIO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em 1933, abril, o decreto nº 22, do prefeito Luís Pires Chaves, adotou o seguinte regime para o funcionamento das casas comerciais de Teresina: zona norte, das 8 às 12 e das 14 às 18; zona sul, das 7 às 11 e das 13 às 17.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Era 1932. Chegamos a Teresina em companhia do saudoso pai, que vinha assumir o juizado de direito. Moramos na rua Lisandro Nogueira (Glória antiga), bem perto do mercado central. Passamos, ainda nesse ano, a residir na rua São José (Félix Pacheco), próximo, muito próximo da praça Saraiva. Defronte, mantinha sortida mercearia o português José Gonçalves Gomes, cidadão conceituado e que muito honrou a atividade comercial. Dessa época distante ainda nos lembramos da Casa Carvalho. De Deoclécio Brito, o primeiro concessionário da Ford e das máquinas de escrever Remington; de Manoel Castelo Branco e Anfrísio Lobão, que se tornaram donos da Agência Ford; de Afrodísio Tomás de Oliveira (Dôta). De João de Castro Lima (Juca Feitosa), cuja loja vendia artigos diversos, inclusive livros de autores portugueses e brasileiros. De Lili Lopes, à frente da Botica do Povo; de Manuel Madeira, português, vendedor de bolos e pastéis (praça Rio Branco), talvez o pioneiro de lancheiras em Teresina - e de vários bares e botequins como o frequentadíssimo Bar Carvalho, de José Carvalho, o Zecão, homem de bem, de muitos amigos, que oferecia, no estabelecimento, bilhares, café, sorvete, chocolate e convidativo restaurante sob o comando do espanhol Gumercindo, introdutor de filé de grelha, feito na chapa do fogão, na culinária teresinense. Alcançamos o famoso Café Avenida, feito de madeira, na praça Rio Branco. Construiu-se outro, em 1937, de dois andares, amplo, ao lado do Hotel Piauí (Luxor), freqüentado de homens ilustres. Foi derribado. No local hoje se estacionam veículos.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Algumas entidades de classe surgiram no correr dos anos, como a Estímulo Caixeiral (empregados no comércio), iniciativa de Manuel Raimundo da Paz; a Associação dos Empregados no Comércio (1928), a Associação dos Empregados no Comércio (1928), a Associação dos Varejistas de Teresina, e a Federação do Comércio dos Varejistas do Piauí - as duas últimas parecem que sob a orientação de Miguel Sady.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Houve um grêmio de natureza social e cívica - a Sociedade Jovem Síria, criada em 1916, que muito animou a vida teresinense. Ainda em atividade se encontra o Clube das Classes Produtoras, idealizado por Valdemar Martins.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Moysés Castello Branco Filho realça a presença de sírios e libaneses em Teresina, no princípio do século XX, dedicados ao comércio de miudezas e de modas. Principalmente sírios. Sírios na quase totalidade. Vinham de longe, da Síria, onde é gritante o contraste entre a riqueza e a pobreza. O padre Luciano Duarte diz que lá a terra tem cor amarela, queimada de calor. "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não há vegetação. Apenas areia e pedra - mas de repente sem lógica, no meio do quadro - um oásis. O milagre da água correndo límpida e cantante, da fonte que Deus fez brotar, vestindo de verde a terra nua, estendendo a sombra das palmeiras para os homens cansados</i>".</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A Síria lembra Damasco, de ruas apertadas do comércio de miudezas - quiosques, ruelas escuras e sujas, em que o visitante sempre compra pela metade do preço. Paga e sai com ares de quem ganhou uma batalha. E o sírio lá ficou impassível, contente, pois o preço pago ao cabo de contas, ainda vale três ou quatro vezes a mercadoria.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A. Tito Filho, 21/11/1990, Jornal O Dia</span></u></b></div>Jordan Brunohttp://www.blogger.com/profile/14607756538697027763noreply@blogger.com0