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sábado, 6 de agosto de 2011

XODÓ

Teresa Cristina obteve monumento na área, pois o nome de Teresina é homenagem à mulher de Pedro II.

Não se pode visitar a cidade sem conhecer o Zoobotânico, a encantadora natureza na comunhão de animais e plantas, e o Campus Universitário, situado depois do elegante bairro do Jóquei Clube, na aprazível Ininga – a Universidade que vale o futuro.

Sem mar, Teresina tem praias fluviais, feitas pela natureza dadivosa, nos dois rios que a cercam – o Poti e o Parnaíba. São as famosas praias de verão, de julho a outubro, mais ou menos. Pelo meio dos dois rios, aparecem ilhas de areia, as coroas, ou croas, nas quais homens e mulheres se banham de água doce e tomam sol, sempre aos domingos. Copacabanazinhas da cidade. Maiôs e biquínis animam a paisagem. Os olhos não cansam de ver, mal intencionados.

Não há quem se perca no caminho da zona alegre da rua Paissandu, perto do Parnaíba. Beira de rio fabrica prostitutas. A rua Paissandu é mais conhecida em Teresina do que pai-de-santo na Bahia. De noite, botequins e freges vendem cachaça e comida, e nos cabarés as garotas vivem o drama humano e social de ingressar na profissão. Música, canto, luxúria. Boêmios, cáftens, cafetinas, gigolôs, veados se misturam e se baralham. Muitos pagam as meninas dos instantes de amor com a ceia madrugadina.

Passear os avenidões da cidade – avenida Poti, Miguel Rosa, Maranhão, Gurguéia, João XXIII, Kennedy e tantas mais, emendadas umas nas outras como se fossem uma só – vale diversão e encantamento para os olhos e o espírito. De pouco em pouco a paisagem muda. Bairros humildes e bairros burgueses, embora a cidade seja sempre pobre e a gente viva da prestação e do “papagaio” bancário. Uma delícia, Teresina.

Ninguém se esqueça de um terreiro de umbanda. Nem das churrascarias, buates e restaurantes que tanto alegram as noites teresinenses. Iguarias típicas e frutas de muito prazer a barrigas exigentes – mel de rapadura, aipim cozido, batata-doce, beiju, buriti, bacurí, cajá, caju, canjica, carne de sol, chouriço, qualhada, cozidão, cuzcuz, imbu, mão-de-vaca, paçoca, sarapatel – tudo isso dá gosto viver por cá.

H. Dobal voltou de Londres e contou que é facílimo telefonar de lá para Teresina. E arrematou: não há dúvida de que a Inglaterra está progredindo.
Ao cabo de contas, Juca Chaves costuma dizer que conhece as maiores cidades do mundo. Andou por Tóquio, Paris, Londres, Nova Iorque, Pequim, Buenos Aires e Teresina.

Teresina bole com a gente. Meu amor, meu bem-querer, minha louvação.


A. Tito Filho, 01/02/1990, Jornal O Dia

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