Quer ler este texto em PDF?

sábado, 6 de agosto de 2011

THE END

Quando os filmes norte-americanos chegam ao final, na tela aparece: THE END, o fim, a história terminou. Este último carnaval revelou que a bonita trajetória desses folguedos, desde o velhíssimo entrudo (1), atingiu o capítulo final, pois nas atuais circunstâncias a gente pode ver e observar cenários diversos, menos os que se harmonizem com aqueles dos festejos momescos que se verificavam até os anos sessenta, de músicas inesquecíveis, bailes maravilhosos, corso, batalhas de confete, de serpentina e de lança-perfume. O Rio de Janeiro oferecias as escolas de samba, na melhor criatividade do carioca, e os foliões de rua, originais e plenos de bom humor. Tudo espontâneo, originário do povo, já agora, neste martirizante fim de século, anulado e desprezado. 

Que se observa nestes novos tempos? O carnaval comercializado, para atrair turistas endinheirados, que gastam e esbanjem, embora sufoquem a alma popular. As escolas de samba, no Rio, gastam milhões, endinheirando mais ainda os empresários do luxo desmedido, num país de famintos e miseráveis. Carnaval oficial em que se gastam milhões dos cofres da nação. E os bailes? Terça-feira, a partir das 23 horas, duas televisões repetiam as imagens das danças em dois clubes: o Monte Líbano e o Scala, ambos do Rio. Que se viu? O desfile de mulheres nuas, em requebros bestialógicos, pelo meio do salão, justamente porque lhes faltam homem para o recato das alcovas. Na outra festança, a do Scala, uma concentração formidável de gueis, ou veados de ricas fantasias. Mau gosto para todos os cantos, as bichas peitudas, bundudas, à custa de hormônios, mostrando os ditos e as ditas, em rebolados e trejeitos, sempre entrevistadas por artista célebre, a Monique Evans, que deles debochava a mais poder. Manhãzinha de 4ª feira, o espetáculo de Sodoma e Gomorra ainda estava nas telas das televisões que pertencem ao governo. O Brasil está podre.

Em Teresina? Uns quatro bloquinhos na Frei Serafim, inexpressivos, sem graça. Clubes desanimados. 

No Recife, o frevo e muita cachaça. Na Bahia, os trios elétricos, custeados pelos dinheiros públicos. 

Querem mais? Basta que se oficialize a cultura. 


A. Tito Filho, 02/03/1990, Jornal O Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário