Quer ler este texto em PDF?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

AINDA HINO NACIONAL

Em 15 de janeiro de 1890, contingentes da Marinha desembarcaram no Rio para saudar o chefe da esquadra Wandenkolk, também ministro da Marinha. Houve grandes passeatas e discursos vibrantes. O orador Serzedelo Correia pediu que o hino de Francisco Manuel da Silva fosse adotado como Hino Nacional. Houve grandes manifestações do povo favoráveis à idéia. Deodoro da Fonseca, no momento, em nome do governo, declarou que o Hino Nacional de Francisco Manuel da Silva seria conservado como da Nação Brasileira. Manteve-se o concurso já agora para escolher a música do HINO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. Foi vitoriosa a composição de Leopoldo Miguez, com letra de Medeiros e Albuquerque.

Decreto nº 171, de 20 de janeiro de 1890, assinado por Deodoro da Fonseca, Aristides Lobo, Campos Sales, Benjamim Constant e Demétrio Ribeiro:

"Art. 1º É conservado como Hino Nacional a composição musical do maestro Francisco Manuel da Silva.

Art. 2º É adotado sob o título de Hino da Proclamação da República a composição musical do maestro Leopoldo Miguez, baseado na poesia do cidadão José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque”.

O decreto, como se vê, não tratou da letra do Hino Nacional.

Contra a fala de letra oficial, houve vários protestos, inclusive do deputado federal Coelho Neto. Nomeou-se comissão para rever a música de Francisco Manuel da Silva. Membros: Alberto Nepomuceno, Frederico Nascimento e Francisco Braga, que sugeriu a abertura de concurso público para escolha da letra.

Coelho Neto, na Câmara dos Deputados, apresentou projeto, autorizando o governo a criar prêmio de dois contos de réis para a melhor composição poética que se adaptar com todo o rigor do ritmo à musica do Hino Nacional Brasileiro. Isto em 1909.

Surgiram várias letras, entre as quais a de Osório Duque Estrada, que caiu depressa no domínio do público.

O concurso proposto por Coelho Neto nunca se realizou. A letra de Osório Duque Estrada permaneceu difundida até 1922, sem oficialização. Mas a 21 de agosto do mesmo ano, Epitácio Pessoa assinou o decreto nº 4.559, permitindo o Poder Executivo adquirir, pela importância de cinco contos de réis, e letra do Hino Nacional, escrita por Joaquim Osório Duque Estrada. Feita a aquisição, Epitácio Pessoa, em 6 de setembro de 1922, baixou o decreto nº 15.671, declarando oficial a letra do Hino Nacional Brasileiro escrita por Joaquim Osório Duque Estrada.

FRANCISCO MANUEL DA SILVA nasceu na antiga capital do país, em 21 de fevereiro de 1795. Era violinista. Compôs principalmente hinos e músicas sacras. Morreu a 18 de dezembro de 1865, na cidade em que nasceu.

JOAQUIM OSÓRIO DUQUE ESTRADA veio ao mundo na cidade de Vassouras, Estado do Rio de Janeiro, a 29 de abril de 1870. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras. Poesia, jornalista e crítico literário. Publicou várias obras.


A. Tito Filho, 19/01/1990, Jornal O Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário