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domingo, 6 de novembro de 2011

APRECIAÇÃO

Theobaldo Costa Jamundá nasceu em Pernambuco. Buscou as torres catarinenses e fixou-se na simpática e encantadora Florianópolis e aí constituiu família e projetou-se como um dos mais destacados nomes da vida literária do Sul do País. Morenão como eu, afável, de primoroso coleguismo, fez-se piauiense também, enamorado de Teresina. Já visitou o Piauí algumas ocasiões e à Academia Piauiense de Letras ofereceu duas vezes, como gesto de amizade, o magnífico coral de Santa Catarina, que encantou a gente teresinense e de outros municípios. Dádiva de Teobaldo. Oferta desse amigo leal e correto.

Agora, em data de 31 de outubro, ele me manda carta, escrita no seu original estilo de mestre da língua e da prosa e diz assim sobre Alvina Gameiro:

"Meu presidente Tito Filho.

Informei-me in Notícias Acadêmicas nº 56, arauto ímpar da nossa egrégia Academia Piauiense de Letras, que a escritora maior ALVINA GAMEIRO, no dia 14 do referido mês passado, foi eleita para a Cadeira 14.

Diz-me a informação o ter alcançado votação unânime na coerência de duas verdades: 1. O valor intelectual da escritora; 2. O acerto antológico da votação.

E estas duas verdades sustentam-se na ausência de surpresa. E ser candidata única cochicha-me o conhecimento da inteligência piauiense explicando: O VALOR LITERÁRIO DE ALVINA GAMEIRO É ÍMPAR NO UNIVRSO DAS LETRAS MERECENTES DO ZELO DINAMIZADO PELA ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS.

Pelo evento de inteligência marcante de um momento especial, no sodalício onde sou menor na participação e maior de corpo inteiro no BEM QUERER que voto, apresento o aplauso ambivalente aos acadêmicos eleitores, quitando-me com ALVINA GAMEIRO e com a Academia Piauiense de Letras.

Colocando-me na certeza que existe uma Literatura Piauiense, aparteia-me no bestunto um argumento enfiando-me diante da ponta do nariz o indicador persuasivo: a eleição de ALVINA GAMEIRO para a Cadeira 14, prova a vitalidade intelectual consciente e sublima a autora de CURRAL DE SERRAS.

Este livro que possuo deu-me o amigo maior A. Tito Filho em março de 1983. E foi não foi releio uma ou outra de suas 280 páginas como a ruminar encanto. Como por exemplo: "MUITO ADIANTE, NO QUEBRAR DA MÃO DIREITA, NA RAÍZ DE UM PÉ DE MORRO, UM MARRUCO GAITEAVA, ROUQUEJANDO RECADO AGOURENTO PR'A QUEM TIVESSE TOPETE DE GANHAR RUMO DAS FÊMEAS QUE QU'ELE TAVA CASTIÇANDO". (Cf. pág. 43).

Quem tem prosa assim tem voto certo para qualquer Academia de Letras da Língua de Camões.

Aliás até no título: Curral de Serras, este livro é seleto. E como se não bastasse revelar a escritora que sabe escrever manipulando matéria tomada nos molduramentos da Geografia e da Paisagem Humana piauienses.

Sem dúvida ALVINA GAMEIRO é escritora privilegiada pelo engenho da imagística que Deus distribui antologicamente".


A. Tito Filho, 09/11/1990, Jornal O Dia

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