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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

TRAGÉDIA

Era um sábado, dia 13 de julho de 1957. Manhã e tarde tranqüilas nesta Chapada do Corisco. Pouco movimento de carro, pois havia poucos carros. Ainda estava distante o sistema de financiamento, para liquidar mais ainda a depauperada classe média. Bares e botecos, como de costume, com os seus costumeiros fregueses de cerveja e aperitivos. Adolescentes e moço em férias escolares. Os namorados já se preparavam para as sessões cinematográficas no  4 de Setembro e no Rex. Nada perturbava a calmíssima Teresina de vinte anos atrás. O sol já tinha morrido, quando chegou a notícia da tragédia espantosa, pavoroso choque de veículos na estrada de Altos na distância de trinta e seis quilômetros desta capital. Comentava-se que mais de vinte morreram no local e era impressionante o número de feridos. Pouco tempo depois, o Hospital Getúlio Vargas se transformava numa hospedaria de dor e de angústia, de lágrimas e de desespero. A multidão ali estava aturdida, emocionada, comovida, comungando do sofrimento das vítimas e seus familiares.

As notícias começaram a chegar. O ônibus MARIMBÁ, de propriedade de Joca Lopes (João de Deus Lopes), vinha de Parnaíba. Viagem normal. Depois de Altos, uns cinco ou seis quilômetros de Teresina, houve o choque formidável com um caminhão Ford, carregado de carvão e madeira, de propriedade de José Candido Porto - e o local se transformou em cenário dantesco. mais de duas dezenas de mortes, cerca de vinte feridos. A tragédia enlutara muitas famílias de Teresina, de cidades interioranas e ainda de outras cidades brasileiras.

A estrada de Teresina a Altos não era asfaltada, como hoje, mas de piçarra. Tempo de verão, os carros em trânsito produziam nuvens de poeira avermelhada, que não permitia visibilidade aos motoristas que viajavam no mesmo sentido. O pó cobria tudo.

Daqui para Altos seguiam dois veículos. Pequena a distância entre os dois. Natural que o chofer do carro de trás, para se ver livre da terrível poeira, procurasse ultrapassar o carro da frente. Muitas vezes o motorista do que ia na frente tudo fazia para que o colega não conseguisse cortar a proa, como se diz, justamente em situação desvantajosa, passando a vítima do pó infernal.

Essa estrada de Teresina a Altos era um tanto estreita. Os dois carros prosseguiam. O da frente desviou-se um pouco para a direita. Era natural. Em sentido contrário vinha o MARIMBÁ. E o motorista do veículo que ia para Altos deu com o carro para a direita, possibilitando, assim, a passagem tranqüila do ônibus. Mas o motorista do caminhão de madeira, que ia recebendo a importuna poeira do outro, entendeu que o colega estava abrindo terreno para a ultrapassagem. E sem visibilidade, meteu o caminhão pela esquerda, no justo momento em que o MARIMBÁ emparelhava com o primeiro. Impossível evitar a tragédia assombrosa.

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Uma novela das mais impressionantes, de Salomão Chaib, médico piauiense residente em São Paulo, recebeu o nome de UM DRAMA DE CONSCIÊNCIA e será apresentado ao público no fim deste mês de maio pela Academia Piauiense de Letras.

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A Academia Piauiense de Letras está preparando a edição de novo romance do notável José Expedito Rêgo, A MALHADINHA, baseado em história real de fazenda de criar, no interior de Oeiras.


A. Tito Filho, 15/05/1990, Jornal O Dia

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