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domingo, 11 de dezembro de 2011

ALGUMAS NOTAS

Eurico Ferri, o famoso criminalista italiano, ensina muita cousa nas suas lições sobre os criminosos, a arte e a literatura. Quem melhor estudou a vida? A ciência? Ou ciência se serviu da arte e aproveitou-se das suas maravilhosas criações? A arte agiu antes da ciência, principalmente a arte literária. Dante revela na sua poesia inimitável a predominância do fator econômico sobre todos os outros e que a corrupção sempre proveio dos maus governos. O irreverente Camões zomba dos preceitos e registra a vida sexual por um prisma humano. Reage contra o mundo feudal. Cervantes adverte os homens de que não é possível permanecer agarrado ao passado. Creu na influência do meio renovado. Shakespeare inspira-se em temas populares. Descrever as contradições de sua época, o feudalismo e o capitalismo. Faz poesia numa sociedade em transformação. Combate a violência. Não acredita na imutabilidade das cousas. Milton, no PARAÍSO PERDIDO, combate as desigualdades sociais. Moliére zomba dos costumes do seu tempo. Voltaire rebela-se contra os poderosos e a intolerância religiosa. Não suporte os privilégios. Tolstoi arremete contra todas as formas de injustiça.

Na DIVINA COMÉDIA, Dante imagina um sistema feudal e uma classificação dos delitos e das penas. Existem duas espécies de crimes, os de violência e os de fraude. De Shakespeare os juristas e os economistas copiaram lições do maior interesse. O famoso autor é imenso psicólogo. No tempo em que a ciência penal se preocupa com o crime, ele se preocupa com o criminoso e cria os três famosos homicidas shakespearianos, o louco, o nato e o passional, e na sua arte perfeita se juntam observações cientificas rigorosamente exatas.

Arte e ciência prometem o conhecimento da vida, embora a obra de ciência seja impessoal e a obra artística provenha do temperamento de quem a construiu.

As criaturas de Zola ligam-se aos princípios da psicopatologia criminal. A demonstração da grande lei da hereditariedade natural aumentou o horizonte da arte de contribuir para novas verdades cientificas.

Manzoni, em OS NOIVOS, descreve a psicologia coletiva antes da ciência. A mesma cousa Zola faz em GERMINAL.

Ibsen, sempre fecundo, escreve com dados científicos. O PATO SELVAGEM é obra mestre em psicologia política.

Dostoievski sustenta verdades inatacáveis. Os criminosos repugnam o trabalho, tocados de puerilidade e religiosidade. A beleza de CRIME E CASTIGO não foi ultrapassada como crítica social audaciosa.

- Interessante que todos lessem A MACONHA OU A VIDA, de Gabriel G. Nahas. O autor atesta que a droga impede a função pulmonar, diminui a contagem espermática e suspende a resposta imunológica.

- Próximas edições da Academia Piauiense de Letras: MINHA TERRA, MEU POEMAS, de Assis Fortes; A MENSAGEM DO SALMO, de Júlio Romão da Silva; as memórias do ex-governador Rocha Furtado; GEOGRAFIA FÍSICA DO BRASIL, segundo volume, de João Gabriel Baptista; e história da música no Piauí, de Cláudio Bastos.

- A droga não é a causa, mas conseqüência. Não adianta destruir maconha, cocaína e heroína. Adianta que a sociedade deixe de ser irresponsável e dê oportunidade aos jovens que lutam por um lugar ao sol. Sim, basta que as mulheres voltem ao lar, não de madrugada, mas que nele permaneçam, sustentando-o de afeto constante para os filhos, e cuidando dos serviços domésticos.


A. Tito Filho, 12/05/1990, Jornal O Dia

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