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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CRÍTICA LITERÁRIA - I

Teresinha Pereira, patrícia de Minas Gerais, leciona na Moorhead State University, nos Estados Unidos, onde tem desenvolvido uma atividade literária digna de louvores. E de lá me escreve um seguro comentário sobre Maria do Carmo Gaspar de Oliveira. Diz ela:

"Acabo de ler os CADERNOS PSICOLITERÁRIOS 2 que contêm vários comentários, críticas e análises da obra de Maria do Carmo Gaspar de Oliveira e registro aqui as minhas impressões sobre esta coleção tão bem editada.

Começo por citar as palavras do editor.

Maria do Carmo nestas obras revela-se senhora de uma expressão muito própria, individualizada e de uma inconfundível serenidade. O seu dizer é claro e espontâneo, escorregadio e nunca eriçado por termos fora do comum.

Estas palavras são destacadas da apresentação do livro Análise da Obra e usá-las para começar este comentário tem apenas o sentido de estar aprovando a boa crítica de seu editor, Antônio Soares, do Instituto Português, Departamento Editorial.

De minha modesta opinião constou a análise do livro Bosco. E do que eu disse então, gostaria de apresentar aqui algumas frases representativas das minhas primeiras emoções ao conhecer esta mãe poeta que imortalizou seu filho com um punhado de versos memoriosos. O que eu digo nesse artigo sobre o poema intitulado "Seu quarto" foi o seguinte:

A prova de fogo apresenta efeito quando chegamos ao poema "Seu quarto". Nossa emoção inutiliza toda essa capacidade de fazer uma crítica ou uma análise objetiva, que era nossa intenção ao começar a resenhar o livro! É um poema comovedor! Creio mesmo que seja este o melhor poema do livro e é incontestavelmente merecedor de fazer parte de qualquer antologia de poesia internacional.

E agora cito os íntimos versos do poema, que são os mais emocionantes: "... alguns brinquedos/ que eu guardava como lembrança/ de quando você era criança / sua cama, seu travesseiro, / seu lençol, seu cobertor / ainda guardava o perfume / o cheiro do seu corpo / Beijei e abracei tudo com carinho / e saí do quarto".

Tudo o que é profundamente humano, carinhoso e sentimental (no bom sentido) está aí dentro dos versos deste poema, nestas coisas, objetos pessoais que simbolizam a vida inteira de um filho, e de sua mãe.

Os Cadernos Psicoliterários 2, que publicam estas análises da obra de Maria do Carmo Gaspar de Oliveira é um livro muito completo. São cinco os livros comentados neste volume:

Caleidoscópio, de 1983, que contém vinte e sete poemas, breves trechos em prosa, e que foi prefaciado por Antônio Houaiss. A este livro pertence o poema "Império Feminista", irônico, profético, cujas idéias partem da imagem realista simples do presente, para calcular uma visão do futuro, no qual os homens foram eliminados, não por causa do feminismo propriamente dito, mas pela autodestruição de machistas: "Daqui a alguns séculos / (nem precisará disto tudo) / haverá alguns homens-touros / reprodutores / para o Império Feminista / triste império!".


A. Tito Filho, 13/11/1990, Jornal O Dia

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