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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NOS SUBTERRÂNEOS DO KGB

Na hora da glasnot, ou seja, da transparência,d e deixar que se abram as janelas para a União Soviética e a sua república central, a Rússia, é bom que os testemunhos mais ricos e claros sejam colocados ao alcance do leitor brasileiro, a bem de um esclarecimento que nos aproxime do sofrido povo russo.

Curiosamente através de revistas e jornais, temos obtido retratos bem esclarecedores sobre a vida na União Soviética, dos protestos em várias das suas repúblicas, da intervenção das forças armadas para conter esses protestos, sabemos da discussão política dentro e fora do Partido Comunista, até sabemos que se admite pela primeira vez a existência do pluripartidarismo, - mas nada se escreve sobre o KGB! E nós sabemos o que aconteceu com o DOPS, com o PIDE, até temos condições com o DOPS, com a PIDE, e até temos condições de avaliar o que se passa na CIA e no FBI, mas do KGB, nada.

Por isso, a oportunidade do lançamento deste livro, "Minha vida no KGB", que é a história de Stanislav Levchenko, um sentenciado à morte pelos famosos Komitet Gosudarstvennoy Besopasnosty.

É uma história de espiões onde a ficção é feita de fatos verdadeiros, onde os sofrimentos, as "caçadas", as matanças, os dramas e as fugas fizeram parte da vida excitante, trágica, e, por vezes, bizarra, de um espião russo muito bem sucedido.

Por que é que ele foi sentenciado à morte?

Aí você vai saber como é que o KGB controla a vida das pessoas e, em especial, a vida de Stan Levchenko. Como é que a chantagem faz com que as pessoas se rendam ao desempenho de papéis escusos e atentatórios aos seus próprios interesses, aos dos seus amigos que têm de trair para continuar a viver.

Levchenko acabou fugindo para o outro lado onde - para ele - existia um mínimo de segurança, afinal, nem ele tinha culpa de ter sido criado e instruído do lado errado.

STANISLAV LEVCHENKO é um homem marcado para morrer. Ele sabe demais sobre o KGB e, portanto, é um "arquivo" que precisa ser destruído. Foi condenado à morte e, por muito que viva, será sempre perseguido. Entretanto, seus amigos lutam para que ninguém saiba onde está, o que faz e o que pretende realizar. Sua segurança é a segurança de informações vitais para o Ocidente e para o definitivo ressurgimento da democracia na Rússia.


A. Tito Filho, 27/04/1990, Jornal O Dia

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