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domingo, 23 de outubro de 2011

IMITAÇÃO

No Brasil se vem praticando a brincadeira denominada HALLOWEEN, assim definida pela gente norte-americana: THE EVE OF ALL SAINTS' DAY, FALLING ON OCTOBER 31 AND CELEBRATED BY CHILDREN WHO GO IN COSTUME FROM DOOR TO DOOR BEGGING FOR TREATS OR PLAYING PRANKS. Brincadeira às vezes de mau gosto. Em novembro já se criou entre os brasileiros o Dia de Ação de Graças, instituído pelo presidente Eurico Dutra, cópia do THANKS GIVING DAY, comemorado cá como lá na penúltima quarta-feira de novembro quando o mês tem cinco quartas-feiras ou na última se o mês tem apenas quatro quartas-feiras.

Em 1930, Getúlio Vargas subiu ao poder. Repudiou a influência inglesa no país e se passou para os Estados Unidos, país ambicioso de riqueza, que logo, por através do cinema, realizou mudanças, para pior, nos costumes e hábitos brasileiros. Pouco a pouco dominou o Brasil nos processos culturais. Depressa o povo começou a usar os enlatados. Fecharam-se alfaiatarias e todos aderiram ao uso da roupa feita. Estabeleceu-se a moda do desnudamento feminino. O uisque substituiu nas cidades a boa pinga nacional.

Quando cheguei ao Rio, com o objetivo de estudar o curso superior, topei com uma cidade de prédios baixos. O edifício mais alto, de 20 e 22 andares, era o prédio das empresas nacionais, constituídas do jornal "A Manhã", revista "A Noite Ilustrada" e a rádio Nacional. Na principal avenida, a Rio Branco existiam prédios de cinco e seis andares, no máximo. Na avenida Atlântica, situada à beira-mar , batizada de praia de Copacabana, viam-se casas residenciais de andar térreo ou de dois pavimentos apenas.

A CIVILIZAÇÃO norte-americana transformou Copacabana numa selva de cimento armado. Surgiu a vida em apartamento, com porteiro e elevador. Liquidou-se por toda parte a tranqüilidade dos cariocas.

E o arsenal de remédios dos laboratórios estrangeiros? E o turismo, invenção norte americana para que o povo gaste na visita aos cenários alheios enfeitados, mas ainda assim iguais ou piores do os nossos?

Observe-se que o seqüestro de pessoas por bandidos, que pediam altos resgates dos rancheiros ricos, começou no oeste dos Estados Unidos, nação onde teve início também o gangsterismo urbano, da forma que o cinema estadunidense mostrou nos exemplos de Al Capone e Dillinger. Crimes brutais e violência sexual o cinema da terra de Bush apresenta aos nossos patrícios na constância dos dias e das noites. As casas comerciais de brinquedos vendem presentes representados por revólveres, tanques e quantas crianças aprendam a matar, obedientes às lições de violência de que se encontra rica a história dos Estados Unidos.

A bela língua portuguesa cada dia vai sendo suplantada pela lingua. no Brasil se fala o PORTUGUÊS.

Ao cabo das contas, a terra de Cabral imita o papai grande em tudo, numa americanização vergonhosa.


A. Tito Filho, 13/12/1990, Jornal O Dia

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