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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CAVALOS

O cavalo pertence à história social e política dos povos. Está na mitologia dos gregos e dos romanos. Os césares conquistavam terras e gentes sobre quadrúpedes de grande porte. Um deles, débil mental, nomeou a sua montaria preferida senador ou cônsul do Império. A viagem a cavalo se fazia pelos antigos em longos percursos, no lombo dos bichos, homens e mulheres. No oeste dos Estudos Unidos, nos tempos da violência, só se respeitavam cavalos e rabos-de-saia. A nossa Dora Parentes, em maravilhosos e eróticos quadros de pintura, sempre junta cavalos e filhos-de-eva, num relacionamento sexual de intenções, segundo Freud.

Na Teresina do século XIX, haviam sujeitos que alugavam cavalos para passeios na cidade. Era de ver o soçaite do tempo mostrando habilidades em cima do potro amestrado.

Em 1972 surgiu o primeiro Jóquei Clube, cujo objetivo essencial estava na corrida de cavalos. A entidade assim era dirigida: presidente, Manuel Castelo Branco. Secretário, Heráclito Sousa. Tesoureiro, Pires Gaioso. Hipódromo na Vila Santos. Primeiras disputas no Dia da Pátria. Primeiro páreo, venceu o cavalo Argus, 500 m, prêmio de 150$000 (cento e cinqüenta mil réis). Segundo páreo, cavalo Libertador, 600 m, 200$000 (duzentos mil réis). Terceiro, Fidalgo, 700 m, 300$000 de prêmio. Quarto, Mister Bris, 800 m, prêmio de 600$000 (seiscentos mil réis). Quinto páreo, Danilo, 700 m, prêmio de 500$000. Juízes de partida, Teivelino Guapindaya e Daniel Paz. juízes de arquibancada: Joel Sérvio, Martins Napoleão e Delfino Vaz. Juízes de chegada: João Martins do Rêgo e Raimundo de Arêa Leão. Diretor da casa de pules: Heráclito Sousa. Diretor do bar: Zoroastro Melo, Diretor-Geral das corridas, Manuel Castelo Branco.

Não progrediu esse primeiro prêmio cavalar. Deve ter sucedido alguma coisa que acabasse as corridas dos bons quadrúpedes na cidade de José Antônio Saraiva.

Em 1939, porém, houve quatro vibrantes páreos comemorativos do 7 de Setembro, corridas na zona da estrada de ferro. Proprietários dos corredores: Mariano Gayoso Castelo Branco (Packard), Waldir Gonçalves, que possuía dosi animais, Garapu e Dourado; Jacob Castelo Branco (Hockey), Antonino Barros (Faraó), João Clímaco d'Almeida (Cateretê). Juízes, Mariano Gayoso Castelo Branco, José Olímpio de Melo e João Clímaco d'Almeida.

Parece que os cavalos não davam no couro. Cansavam depressa. Corriam debaixo de cipó.

Depois de 1950, a visão de Octávio Miranda rasgou a mata e fundou o Jóquei Clube, o segundo com este nome. Fez o hipódromo. E inaugurou as corridas de eqüinos nos dias de domingos. Animadas tardes. Mas os pangarés não agüentavam, caíam pelo meio do caminho, na pista. Os bichos não bebiam leite. Pelo menos houve a tentativa, que se teria desenvolvido, pois essa atividade desportiva pode ser muito rendável.

O Jóquei clube de Teresina tem natureza singular. O único no mundo em que não há corridas de cavalos. Vive de cachaçadas, das carnes assadas, das festanças carnavalescas nas quais impera o desnudamento quase generalizado das fêmeas bonitas.

A história do cavalo e das corridas de tal bicho em Teresina corresponde a uma das páginas significativas da vida social da cidade-capital. Outros que a pesquisem e narrem, antes que a memória das cousas seja destruída pelos ventos da ignorância generalizada.


A. Tito Filho, 08/01/1990, Jornal O Dia

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