ANÍSIO DE ABREU NETO, poeta, sim, dos grandes destes brasis, era dos filhos amados do Piauí. Morreu no Rio, novo ainda, pujante de grandeza artística. O irmão JEREMIAS pretendeu homenageá-lo, revelando-lhe aspectos dos ritmos novos e audazes que ele criou, em páginas que revelam formas entusiásticas de um esteta, em ritmos de graça e de elegância - versos sem pecado.
No saudoso conterrâneo, há sensibilidade opulenta e criadora. Sonoro, panorâmico, inquieto, audaz, pleno de ansiedade, soube imagens maravilhosas para cantar, como semeador de belezas, o seu nordeste, lendas, bichos, pássaros, amor, natureza, infância, da forma que se lê numa seleção de JEREMIAS PEREIRA DA SILVA, inteligência crítica aguda para efetivar escolhas, para discernir instantes de primor, para convocar trechos poéticos emotivos, como se modelados por um escultor de vocábulos.
Raros poetas têm a energia cósmica de ANÍSIO, compondo mensagens de esperança e de gestos fraternos, engrandecido das grandes solidariedades humanas. A sua poesia recorda tudo o que o poeta amou: o convívio com os outros, os momentos de choro, o rio o sol doirado, a saudade de toques sensuais.
ANÍSIO morreu. Tenho que ele antes da morte, inesperada, repentina, imposta pelo coração que fraquejou, haja recitado, nos últimos sopros de vida, os versos de João de Barros, o poeta da HUMILDE PLENITUDE:
"Que, mesmo à hora triste e sombria da Morte,
seja a Morte mais vida - e se morra a cantar".
X X X
Gosto muito de boa poesia, a que se faz com a alma das cousas, da infância e dos cenários que o homem guardou, como a poesia de arte verdadeira que Cid T. de Abreu compôs nesse encanto de MOENDA. Poeta é o que fala à alma da gente.
X X X
Trabalho que se faz com gosto e sentimento, a história da Rádio no Piauí, projeto da Secretaria de Cultura, da Secretaria do Planejamento, da Fundação CEPRO e da Academia Piauiense de Letras, elaborado e organizado por três fortes inteligências, as de Francisco Alcides do Nascimento, Geraldo Borges e José Elias Martins Arêa Leão. A memória dos fatos passados alimenta espiritualmente o povo. Bom que se saiba como se fazia comunicação antigamente.
A. Tito Filho, 24/04/1990, Jornal O Dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário