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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

INSULTO

Era sábado, dia 15 deste setembro corrente. Dia de sessão na Academia Piauiense de Letras. Meu estimado colega João Gabriel Baptista, mestre universitário e figura do mais alto conceito na ciência geográfica, mostrou-me pequenino recorte do jornal teresinense "Diário do Povo", de 9-9-1990, com estes dizeres: O POETA H. DOBAL NÃO PODE ENTRAR NA ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS. SERIA UMA INJUSTIÇA MUITO GRANDE COLOCAR UM POETA TÃO BRILHANTE NUM LUGAR CHEIO DE POLÍTICOS MEDÍOCRES E DESEMBARGADORES.

Perguntei a Gabriel como se denominava o autor do insulto. Disse-me que não memorizou o nome do sábio, parecendo-lhe que se tratava de um colunista.

Faz poucos dias o jornalista Kenard Kruel tratou do assunto H. Dobal em página do "Jornal da Manhã". Mandei-lhe corretíssima explicação: o talentoso poeta piauiense nunca se candidatou à Academia Piauiense de Letras, e no referido órgão de imprensa se publicou uma carta de H. Dobal em que este escreveu que não cogitou o ingresso porque se considerava doente, sem as energias necessárias para participar do trabalho acadêmico.

Desconheço o autor da nota rica de baixeza. Atesta o magnífico Clidenor Freitas Santos que os homens se dividem em dois tipo: os psicopatas e os psiquiatras. Os primeiros são entidades de cérebros doentios, merecedores de compaixão. Os segundos constituem os que procuram curar a debilidade mental dos primeiros e se alegram e se tornam felizes com a boa convivência humana.

Jornalista que se preza não insulta, não ofende, não humilha. Antes procura as boas qualidades dos semelhantes e das instituições para incentivar uns aos outros. Anti jornalista é o injusto, o invejoso, que nada oferece à vida social senão insolência e ignorância.

Dedicou-se o ano de 1990 a erradicação do analfabetismo, numa campanha de alfabetização. Certos escrevedores de jornal entendem que a luta se deve fazer para analfabetizar os brasileiros, e acentuam nos seus escritos os exemplos de ensinança de como menosprezam numa instituição ilustre, a mais antiga do Piauí e que guarda na sua história altas expressões de nossa vida cultural.

Meu pai me ensinou que a gente conhece os homens pela coragem nos gestos de cada um. Quem não assume e comprova a denúncia de peito aberto não pode exercer o jornalismo. Que se disse no insulto frouxo e debochativo? Simplesmente que a Academia Piauiense de Letras corresponde a um lugar CHEIO DE POLÍTICOS MEDÍOCRES E DESEMBARGADORES. Não teve a dignidade necessária para arrolar nomes. A Academia possui apenas, no momento que passa, dois desembargadores nos seus quadros, Paulo Freitas e Manfredi Mendes Cerqueira, comparados pelo jornalista a tipos que enodoariam a presença de H. Dobal na Casa de Lucídio Freitas. Os demais acadêmicos que manchariam a presença do grande poeta são os seguintes: Hardi Filho, Celso Barros, Clidenor Freitas, Lili Castelo Branco, Alberto Silva, Gerardo Vasconcelos, Herculano Moraes, Humberto Guimarães, Gabriel Baptista, monsenhor Chaves, Camilo Filho, J. Miguel de Matos, Tito Filho, José Eduardo, Josias Carneiro, Romão de Silva, Nerina Castelo Branco, O. G. Rego de Carvalho, Palha Dias, Wilson Brandão, monsenhor Sampaio, Dagoberto Jr., Aluízio Napoleão, Carlos Castelo Branco, Alvina Gameiro, Cláudio Pacheco, Hugo Napoleão, João Emílio Falcão, Paulo Nunes, Raimundo Santana, Bugyja Britto, Deolindo couto, Reis Veloso, Renato Castelo Branco e Salomão Chaib.

Os indivíduos invejosos, injustos, xingadores, gostam de denegrir a personalidade dos semelhantes. São egoístas doentes. H. Dobal nunca se candidatou à Academia Piauiense de Letras. Logo, não pretende honrá-la, pois todos os acadêmicos lhe sufragariam o nome com irrecusável prazer. Ninguém pode votar num candidato inexistente.

H. Dobal deveria estar numa das poltronas da Academia Brasileira de Letras, tamanha a majestade lírica e objetiva dos seus poemas inimitáveis, sobretudo os que se sustentam da força telúrica e das personagens da vida social e histórica do Piauí.

Cabe ao jornalista insultador relacionar os nomes dos políticos medíocres e de desembargadores que desmerecem o título acadêmico. Caso contrário, a sentença continua atual: PUERIS, SACER EST LOCUS, EXTRA MIGITE.


A. Tito Filho, 20/09/1990, Jornal O Dia

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